Ponto prévio. Queria muuuuuito gostar deste filme. Mais que
não seja por já não ver a Margot Robbie num grande ecrã desde o Lobo de Wall
Street (adivinharam, não fui obviamente ver o Focus ao cinema, onde ela
contracena com o Deadshot, nem tão pouco fui ver o Tarzan, porque se é para ver
alguém de tanga que seja ela e não o Skarsgard).
Sabem aquelas alturas em que dizemos que as bandas sonoras
foi o melhor do filme? Meus amigos, escutem com atenção porque vos vou iluminar
a mente: quando isso é dito é porque o filme é mau. Ponto final. Não há volta a
dar. Pensem comigo, é quase a mesma coisa que vocês ligarem para o serviço de
atendimento da MEO e a parte importante da vossa chamada ser aquele toque que
metem de espera. Faz sentido? Não. Se vocês ligam para o serviço de atendimento
da MEO é porque querem resolver alguma coisa ASSIM COMO se vão ao cinema não é
para ouvir música mas sim ver o filme (apesar de dar vontade de desligar o ecrã
e deixar só a música passar em algumas partes).
A culpa de tudo o que vos vou dizer nem é do David Ayer. Ok,
a grande parte é. Algumas falas fazem lembrar aqueles trabalhos que fizemos
no secundário, à pressa, antes da aula onde os tínhamos de entregar. Uma vez
fiz um trabalho num intervalo de 25 minutos e tive boa nota (de 16 para cima,
não vou especificar! E foi a uma disciplina que também não vou dizer porque
tenho professores adicionados no facebook!). Ora, deve ter sido mais ou menos
isto que o Ayer sentiu quando entregou o guião. “Ufa, já me safei, espero que
dê para passar”. E deu, mas com muito má nota num dos filmes mais aguardados do
ano. O Ayer não é mau. Não está habituado a esta publicidade toda, mas não é
mau. Vão lá ver o currículo. Escreveu o Harsh Times que ok, não é uma obra-prima,
mas vê-se bastante bem. Escreveu o Training Day que é brutal e o End of Watch
que é mais brutal ainda! A culpa não pode ser dele mas sim do intervalo (que
nem deve ter sido o intervalo grande) que lhe deram para escrever isto. Do
intervalo e do trailer. Vamos falar do trailer. É que a culpa de tudo isto é em
grande parte do sacaninha (ainda estou a falar do trailer). Cada vez mais os
trailers mostram quase tudo o que de bom o filme vai ter, mas este fez mais que
isso. Pegou nalgumas (quase únicas) boas partes do filme e fez crer que estava
qualquer coisa de muuuuuito bom. Excelente marketing, é para isso que serve. O
trailer é muuuuito bom, o filme não. Por isso, joke’s on us por termos sido tão
fáceis já que o trailer apenas fez o seu trabalho. Já não me sentia tão enganado por uma campanha de marketing desde todas as eleições legislativas de que me lembro.
A apresentação de todos os personagens principais é corrida,
e depois da Harley e do Deadshot o Ayer os editores aborreceram-se e meteram
tudo sobre eles em 10 segundos. Além destes ainda aparecem depois a Katana e o
Slipknot cujos poucos segundos em cena servem apenas para nos lembrar da banda
do Corey Taylor, meter a Snuff a dar no Youtube e chorar sobre o filme
novamente.
Mas vamos ao Joker. O Jared Leto consegue entrar para a
história como o Joker menos ameaçador de sempre. A única coisa gangster nele é
os dentes, e as armas todas platinadas. As
tatuagens fazem lembrar aquelas das viagens de finalista em Lloret Del Mar
depois de uma noite regada. O que de certa forma confirma o facto deste Joker aparentar ter 18 anos no máximo. Não há volta a dar. Este Joker faz
lembrar os putos que no Carnaval pedem aos pais para lhes pintar o cabelo de
uma cor estúpida (ou então faz lembrar o que os jogadores do Sporting fariam ao
cabelo se ganhassem alguma coisa). Eu que a vir do cinema ultrapassei o limite
de velocidade tive mais malícia em mim que este Joker que não mete respeito a
ninguém. Raios, o Jared foi tão fraco (e eu aprecio o Jared actor, como no caso
de Dallas Buyers Club) que acho que é melhor cantor que Joker, e só eu sei como
isso é algo difícil de dizer para mim.
E aquela vilã? A Cara Delevigne foi tão deprimente como vilã
como o True Ogre é como boss no Tekken 3. Que fácil.
Já não ficava assim tão desiludido assim desde que perdi a
virgindade. Ou mais recentemente desde que não consegui o bilhete para o dia de
Radiohead no NOS Alive. OU desde ontem, que quando cheguei a casa fui evoluir
duas Eevees para Vaporeon e saíram-me dois Flareons. Alguém me devia ter
avisado que mudar o nome para Rainer só resultava uma vez, é que agora tenho
uma Vaporeon, três Flareons e um Jolteon. Está desproporcional e eu sou meio obsessivo-compulsivo
com essas desigualdades.
Querem ver um bom filme com “Suicide” no nome vão ver o Suicide
Circle, ou Jisatsu sâkuru, como se diz na terra da Katana. A história desde
Suicide Circle podia muito bem ser sobre um grupo de pessoas que tinha
expectativas minimamente elevadas quando foi ao cinema assistir ao Suicide
Squad e não soube lidar com o que acabou por ver.