domingo, 7 de agosto de 2016

'Suicide Squad'



Ponto prévio. Queria muuuuuito gostar deste filme. Mais que não seja por já não ver a Margot Robbie num grande ecrã desde o Lobo de Wall Street (adivinharam, não fui obviamente ver o Focus ao cinema, onde ela contracena com o Deadshot, nem tão pouco fui ver o Tarzan, porque se é para ver alguém de tanga que seja ela e não o Skarsgard).

Sabem aquelas alturas em que dizemos que as bandas sonoras foi o melhor do filme? Meus amigos, escutem com atenção porque vos vou iluminar a mente: quando isso é dito é porque o filme é mau. Ponto final. Não há volta a dar. Pensem comigo, é quase a mesma coisa que vocês ligarem para o serviço de atendimento da MEO e a parte importante da vossa chamada ser aquele toque que metem de espera. Faz sentido? Não. Se vocês ligam para o serviço de atendimento da MEO é porque querem resolver alguma coisa ASSIM COMO se vão ao cinema não é para ouvir música mas sim ver o filme (apesar de dar vontade de desligar o ecrã e deixar só a música passar em algumas partes).

A culpa de tudo o que vos vou dizer nem é do David Ayer. Ok, a grande parte é. Algumas falas fazem lembrar aqueles trabalhos que fizemos no secundário, à pressa, antes da aula onde os tínhamos de entregar. Uma vez fiz um trabalho num intervalo de 25 minutos e tive boa nota (de 16 para cima, não vou especificar! E foi a uma disciplina que também não vou dizer porque tenho professores adicionados no facebook!). Ora, deve ter sido mais ou menos isto que o Ayer sentiu quando entregou o guião. “Ufa, já me safei, espero que dê para passar”. E deu, mas com muito má nota num dos filmes mais aguardados do ano. O Ayer não é mau. Não está habituado a esta publicidade toda, mas não é mau. Vão lá ver o currículo. Escreveu o Harsh Times que ok, não é uma obra-prima, mas vê-se bastante bem. Escreveu o Training Day que é brutal e o End of Watch que é mais brutal ainda! A culpa não pode ser dele mas sim do intervalo (que nem deve ter sido o intervalo grande) que lhe deram para escrever isto. Do intervalo e do trailer. Vamos falar do trailer. É que a culpa de tudo isto é em grande parte do sacaninha (ainda estou a falar do trailer). Cada vez mais os trailers mostram quase tudo o que de bom o filme vai ter, mas este fez mais que isso. Pegou nalgumas (quase únicas) boas partes do filme e fez crer que estava qualquer coisa de muuuuuito bom. Excelente marketing, é para isso que serve. O trailer é muuuuito bom, o filme não. Por isso, joke’s on us por termos sido tão fáceis já que o trailer apenas fez o seu trabalho. Já não me sentia tão enganado por uma campanha de marketing desde todas as eleições legislativas de que me lembro.

A apresentação de todos os personagens principais é corrida, e depois da Harley e do Deadshot o Ayer os editores aborreceram-se e meteram tudo sobre eles em 10 segundos. Além destes ainda aparecem depois a Katana e o Slipknot cujos poucos segundos em cena servem apenas para nos lembrar da banda do Corey Taylor, meter a Snuff a dar no Youtube e chorar sobre o filme novamente.

Mas vamos ao Joker. O Jared Leto consegue entrar para a história como o Joker menos ameaçador de sempre. A única coisa gangster nele é os dentes, e as armas todas platinadas. As tatuagens fazem lembrar aquelas das viagens de finalista em Lloret Del Mar depois de uma noite regada. O que de certa forma confirma o facto deste Joker aparentar ter 18 anos no máximo. Não há volta a dar. Este Joker faz lembrar os putos que no Carnaval pedem aos pais para lhes pintar o cabelo de uma cor estúpida (ou então faz lembrar o que os jogadores do Sporting fariam ao cabelo se ganhassem alguma coisa). Eu que a vir do cinema ultrapassei o limite de velocidade tive mais malícia em mim que este Joker que não mete respeito a ninguém. Raios, o Jared foi tão fraco (e eu aprecio o Jared actor, como no caso de Dallas Buyers Club) que acho que é melhor cantor que Joker, e só eu sei como isso é algo difícil de dizer para mim.

E aquela vilã? A Cara Delevigne foi tão deprimente como vilã como o True Ogre é como boss no Tekken 3. Que fácil.

Já não ficava assim tão desiludido assim desde que perdi a virgindade. Ou mais recentemente desde que não consegui o bilhete para o dia de Radiohead no NOS Alive. OU desde ontem, que quando cheguei a casa fui evoluir duas Eevees para Vaporeon e saíram-me dois Flareons. Alguém me devia ter avisado que mudar o nome para Rainer só resultava uma vez, é que agora tenho uma Vaporeon, três Flareons e um Jolteon. Está desproporcional e eu sou meio obsessivo-compulsivo com essas desigualdades.


Querem ver um bom filme com “Suicide” no nome vão ver o Suicide Circle, ou Jisatsu sâkuru, como se diz na terra da Katana. A história desde Suicide Circle podia muito bem ser sobre um grupo de pessoas que tinha expectativas minimamente elevadas quando foi ao cinema assistir ao Suicide Squad e não soube lidar com o que acabou por ver.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Narcos




A série sobre a ascensão e queda do carismático e cruel Pablo Escóbar, o traficante mais conhecido da história mundial, e o crescimento do seu Cartel de Medellín e restante império do narcotráfico num negócio que, com todas as suas rotas e dinheiro que circulava chegou a gerar mais milhões por dia que a General Motors.

O emblemático colombiano é-nos retratado neste verdadeiro documento histórico como um homem inteligente para os negócios mas que, no entanto, vê toldada a sua visão por uma sede de chegar ao poder (político). Pablo Escobár é aqui interpretado por Wagner Moura (o Capião Nascimento de Tropa de Elite, irónico certo?) e apesar da fabulosa (reforço, fabulosa!) actuação o actor brasileiro não conseguiu ainda assim escapar a algumas críticas devido ao sotaque. Totalmente secundária essa questão, na minha opinião. Wagner Moura é um actor brilhante e a sua interpretação de Pablo Escóbar não foge a isso. Para um actor que se mudou meses antes para Medellín com vista a aperfeiçoar o sotaque, nada mau. 





A dicotomia constante entre o "homem do povo" ("Não sou um homem rico, sou um pobre com dinheiro") e um homem para o qual estar ao nível do povo não chegava é interessantíssima de se acompanhar e levará a conflitos importantíssimos para o desenrolar da história.

A série conta ainda com Pedro Pascal, o actor chileno que interpretou o papel de príncipe Oberyn em Game of Thrones, lembram-se? Aquele que deixámos de ver (pun intended) do nada. Luis Guzman e Boyd Holbrook são ainda mais alguns dos bons e conhecidos actores que podemos ver ao longo desta série que terá, pelo menos, mais uma temporada (já confirmada).



A única crítica passível de ser feita sobre a história é talvez a falta de atenção dada aos antecedentes de cada um dos principais personagens, mas nem isso retira um pingo que seja de qualidade à melhor série que a Netflix tem, como projecto seu original, para nos mostrar neste momento e que é também, provavelmente, a melhor série do ano lado a lado com Mr. Robot.

sábado, 5 de setembro de 2015

Motelx - Festival de Culto


Estamos praticamente em cima da data de mais um Motelx, um dos festivais de cinema mais interessantes a nível nacional, homenageando, ano após ano, o cinema de terror. Não marco presença desde a primeira edição e não me posso considerar aquele fã hardcore que sabe tudo sobre todos os filmes que anualmente passam no festival, mas não é por isso que tenho pouco para dizer ou muitos bons momentos lá passados.

Marquei presença em três edições, vendo cerca de 20 filmes 2012, 2 em 2013 e 3 em 2015. A constante é a qualidade, não querendo isto dizer aquilo que a maioria poderá pensar à partida. A qualidade dos filmes, na sua grande maioria, é baixa. Mas desenganem-se, não são os filmes maus no mau sentido, mas sim os maus num bom sentido, havendo uma forma muito particular de isso acontecer. Estes misturam-se com filmes realmente bons e outros maus, no mau sentido, que não se recomendam a ninguém, mas estas duas categorias são a minoria. Passando a exemplos.

De filmes realmente bons, salta-me à memória o American Mary em 2012 ou o The Conjuring em 2013, com especialmente ênfase para o primeiro, do qual pouco ou nada sabia. Filmes realmente maus… estranhamente, não me lembro exactamente do nome de nenhum, sendo talvez o The Tall Man em 2012 aquele que me surge agora. Agora em relação aos maus-bons? A lista é interminável. [REC]3 em 2012, aquela pequena genialidade de filme de terror/comédia disfuncional, o segundo VHS em 2013 ou o All Cheerleaders Die, cujo título deve dizer tudo à partida, em 2014. O que há para não gostar num filme que é tão mau que se torna um verdadeiro prazer presenciá-lo?


O Motelx é muito mais do que isto, é um festival onde pessoal com gostos específicos se junta, onde há oportunidade de passar tempo a jogar jogos de terror, a aprender com os melhores dentro da área ou a venerar os mestres do terror que todos os anos passam por lá. Tornou-se um bom hábito, todos os anos, escolher uma mão cheia de filmes dos quais não sabemos bem o que esperar e partir para uma noite recheada de terror ou de qualquer outra coisa…

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Mr. Robot



Finalmente chegou o último episódio (já viram a cena final? Brutal!) da melhor série do ano (que entrada forte da minha parte, mas é bem capaz de ser) e com ele algumas perguntas que ficaram por responder abrindo assim caminho a uma temporada que, esperamos nós, não baixe o nível (mesmo que baixe um pouco continuará a ser óptima).

O season finale foi adiado por uma semana com o consentimento dos produtores e estação de televisão por conter imagens semelhantes, ou que, pelo menos, continham características que faziam lembrar o terrível homicídio de dois jornalistas em directo numa emissão de um canal noticioso do Estado da Virgínia, nos EUA (recorde-se a título de curiosidade que só recentemente uma parte de um episódio de Friends se tornou viral por não ter ido para o ar aquando da altura do 11 de Setembro). Às vezes a ficção está lado a lado com a realidade, e isso, bem, também tem o lado positivo, demonstra que a série não é um mundo de fantasia. Coisas acontecem.

Já se devem ter apercebido mas só para confirmar estou obviamente a falar-vos de Mr. Robot. A série foi um fenómeno que cresceu do nada, a fsociety entrou pelos nossos computadores adentro qual Anonymous e trouxe-nos um Fight Club versão série, e que bem feita está. Das performances (sobretudo do actor principal, Rami Malek que é fantástico como hacker activista e ao papel surpreendente do mais conhecido Christian Slater) à história, à imagem, à banda sonora e ao estilo como a série nos é contada com alguns momentos de diálogo do personagem principal (Elliot) connosco, espectadores.

Vocês já sabem, não faço spoilers de séries, alguns amigos meus já se chatearam por eu ser um verdadeiro sacana no que a isso diz respeito, por isso faço só um spoiler óbvio: É uma série fantástica, caso contrário não me dava ao trabalho de falar nela.

Confirmada por mais uma temporada (aliás, aquando do seu lançamento a série teve logo a confirmação para duas) e com o seu produtor, Sam Esmail a dizer que tem material para "quatro ou cinco" de grande qualidade, espera-se apenas e só uma série de culto. Esperemos que não caia no erro de, como tantas outras, lá para a frente ser apenas um estrebuchar vazio que nos fará lembrar com saudade da qualidade que outrora teve, esperemos que saiba acabar quando está por cima. A série merece.

Um dia destes faço um post sobre outra melhor série do ano (gosto de classificar as coisas assim para perceberem que é mesmo bom), Narcos.

domingo, 30 de agosto de 2015

Mission: Impossible - Rogue Nation


Apercebi-me hoje o quão estranho é o título deste filme. Primeiro, tem dois pontos a seguir a mission e depois, a parte onde realmente deveria ter dois pontos, aparece seguida de um traço rogue nation. É um facto fascinante que achei que merecia ser o destaque inicial. Seguindo em frente...

Sempre houve uma particularidade na acção destes filmes protagonizados por Tom Cruise, não a levam tão a sério nem prima pelo rigor factual. Porquê? Porque acabaria por ser um pouco aborrecido e não é por isso que as pessoas pagam para ir ao cinema. Não é que a acção não seja bem realizada e executada, mas não vale a pena pensar "mas como é que...?" porque não há uma resposta para isso. É uma questão de se deixar levar e, depois, o filme vai parecer muito melhor.

A saga da famosa missão impossível já teve os seus altos e baixos, aparecendo agora outra vez bem lá no alto. Não há dúvidas de que está em melhor forma do que alguma vez esteve, com dois filmes de elevada qualidade como foram Ghost Protocol e agora Rogue Nation. Há sempre um misto de acção e comédia, seriedade com situações absurdas que levam a um todo muito, muito apreciável. Existem alguns twists, personagens previsíveis e tudo mais, mas não é o que se espera. Estamos na época dos blockbusters e este é dos melhores que nos chegou este ano. É isso que se deve esperar, não um candidato a Oscar.

Sendo menos geral agora, o que distingue este Rogue Nation de tantos outros blockbuster. Não é, certamente, pelo Tom Cruise, que ainda assim continuo a achar que é dos melhores actores para este género, independentemente do hate que recebe desde sempre. É antes por conseguir fazer muitas coisas, de modo mais ou menos impressionante, sem perder credibilidade. Temos perseguições, tiroteios, cenas de pancada à séria, vilões grandes e maus, vilões pequenos e inteligentes e por aí em diante. É um conjugar de elementos separados que encontramos em vários filmes em cerca de duas horas de puro entretenimento. Ninguém quer, realmente saber, como é que o Ethan Hunt não morre em todas as situações em que, pela lógica da vida, deveria ter morrido. Quanto menos perguntarem, melhor o filme fica.

8/10


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

It Follows | Blue Ruin | The Rover

Não, não vou cometer o erro de chamar a este segmento de "rapidinhas". São apenas alguns dos filmes que, por uma razão ou outra não farei uma review tão longa quanto as habituais, daí este conceito mais minimalista, como de resto são os últimos dois filmes que aqui vos apresento.
             

It Follows




Tem tudo para se tornar num filme de culto nos próximos anos no que ao género de terror diz respeito. David Robert Mitchell é o realizador e escritor deste refrescante filme e, sendo que é apenas a segunda longa metragem deste jovem realizador, será interessante para ver que futuros trabalhos nos pode trazer.

Imaginem uma ambiance trazida por uma banda sonora ao estilo de Drive mas que nos faça ter a impressão de necessidade de olharmos pelo nosso ombro. É assim que se passa este filme. Interessante é ainda mais o que nos leva a que isto surja. Digamos que nos faz ponderar sobre o nosso futuro parceira/o sexual, ou seja, é exatamente o contrário de uma ida ao Urban onde se vai para não se ter de ponderar demasiado sobre isto.

Inteligente, provocante e (no mínimo) original. Redefine em si os típicos teenage horror movies,

8/10


Blue Ruin




Uma agradável surpresa. A premissa é simples: "vingança". Cru e impiedoso (fica melhor se disser ruthless, certo? Dá um ar mais mauzão à coisa.) prova que uma história de puro desejo de vingança pode ser uma ótima maneira de passar uma hora e meia sem ter tempo ou desejo de ir ao facebook ou ao instagram para veres o que andaram a publicar nos 20 minutos que dedicaste ao visionamento do filme como fazes já na maioria das vezes. I dare you, i double dare you, motherfucker! 

Imaginem só alguém que debaixo da sua barba ginger vos parece a pessoa mais pacífica e menos perigosa à face da terra mas que na realidade se torna num assassino amador movido por um desejo de fazer mal a certas pessoas. É mais ou menos isto mas com mais sangue ainda do que possam imaginar.

7,5/10


The Rover



Já imaginaram o Robert Pattinson a ser actor? Eu depois do Bel-Ami também não julguei que ele viria a ser capaz mas no Cosmopolis fiquei quase desconfiado! Bem, foi aqui neste The Rover que ele me convenceu minimamente. Realizado pelo David Michod (conhecem? E se eu disser que é o realizador de Animal Kingdom? Ainda nada? Bem, se não viram Animal Kingdom a culpa é vossa, mas aqui estou eu para vos dar a dica) isto é um filme pós-apocalíptico que foge aos clichés dos zombies (fiquem descansados, não há cá Walking Deads nem Fear the Walking Deads ou whatever) e ainda nos traz Guy Pearce (aquele actor de Memento que é muito esquecido) no papel principal, mas -e aqui é que está a magia- este filme não seria nada sem o Robert Pattinson (aqui está algo que nunca me imaginei dizer), o irmão renegado dos ladrões do carro de Guy Pearce (não ele na realidade, mas ao personagem, vocês perceram) que motivarão uma perseguição por parte deste aos mesmos.

7/10




terça-feira, 25 de agosto de 2015

True Detective e as partes que não fazem um todo



Tu que estás aí pronto para dizer o quanto ficaste desiludido com a nova temporada de True Detective e precisaste de criar gráficos para compreender as mil e uma (não as "Noites", de Miguel Gomes  mas por falar nisso hoje à meia-noite metam na RTP2 que vai dar um documentário sobre o filme) relações e ligações entre nomes de personagens que nem sequer apareceram, é este o teu momento!



Mas o que é que falhou na nova temporada que apresentava a priori tudo para dar certo? Nic Pizzolatto mantinha-se como cérebro, a história parecia interessante, da banda sonora esperávamos algo pelo menos muito bom (o que se veio a comprovar) e o cast tinha à partida tanta ou maior qualidade quanto o anterior para nos poder surpreender. Quem disser que nomes como Colin Farrel, Rachel MacAdams ou Taylor Kitsch não tinham logo maior qualidade para os papéis a que estavam adstritos que o aleatório Harrelson ou o "alright alright alright" McConaughey vou ter a tendência de achar que está a mentir. Não parecia... até ao primeiro episódio, quando começou a confusão.

Demasiados personagens, demasiados factos, demasiados conflitos legais, conflitos burocráticos, conflitos de hierarquias, conflitos de interesse, demasiados negócios ao mesmo tempo (alguém contabilizou quantas coisas o Vince fazia?), Tanto conflito que era impossível não entrarmos nós em conflito com a série.

Recordaremos ainda assim com saudade a fotografia que, tal como na primeira temporada, continua fabulosa; a cena de tiroteio; as conversas na mesa do canto do bar ao som do tom algo melancólico de Lera Lynn; teremos também saudades da Rachel McAdams e saudades de ver o Vince Vaughn ser finalmente actor (ainda que com cenas demasiado filosóficas um pouco descabidas, mas aí a culpa não é dele).





Quanto ao final, esse deu-nos desfechos (não vou spoilar, acredito que os poucos que chegam a ler algumas das coisas que escrevemos ainda não o viram) mas ainda assim longe de nos contentarem, longe de nos fazerem esquecer do que falhou ao longo de toda a temporada e longe de nos fazer esquecer a busca pelo Yellow King na primeira. Mas já que falamos no final desta, que raio foi aquela cena do Vince Vaughn no deserto (eu sei que jurei não spoilar, mas é absurda!)?

Pizzolatto fez um autêntico puzzle de personagens, interessante, é certo, mas demasiado longo para ser um conceito de uma temporada de 8 episódios apenas, mesmo que todos tivessem uma hora e vinte de duração como o último. Demasiados nomes, demasiados factos numa história que nunca se chegou a perceber se queria apostar realmente no crime ou no interior acidentado de cada uma das suas personagens, Faltou sobretudo uma coisa: a harmonia negra entre as personagens e a história como resultou tão bem na primeira temporada talvez por nesta haver demasiadas situações a serem tratadas mas o erro foi de não tratar nenhuma.

Pelos personagens pairavam nuvens cinzentas originárias de acontecimentos do passado que nós calculávamos ter acontecido mas que não podemos ignorar não nos terem sido revelados tornando essas mesmas "nuvens" um pouco estranhas de aceitar, e havia personalidades com tanto potencial como a de Taylor Kitsch ou da Rachel... (sou obrigado a concordar com o Quentin Tarantino na sua entrevista ao New York Times mas só no referente à segunda temporada, a primeira é fantástica, ninguém me tira isso da cabeça). É caso para dizer que enquanto a primeira temporada puxava pelo raciocínio, a segunda puxa por uma qualquer desconhecida arte de adivinhação pelos factos que nos são omitidos das vidas dos protagonistas. Nós não devemos adivinhar o que os personagens passaram, estava aí o ponto forte de uma temporada que passou ao lado disso sem o querer na realidade. Não era suposto ficar tanto por explicar porque isto não se trata de um filme abstracto do David Lynch. Faltou mais Fukunaga, mas sobretudo faltou que Nic não se excedesse nas mensagens e informação a passar.