Ok admito, eu sou um grande fã de Sci-Fi. Para mim viver num ano em que vai ser estreada a terceira trilogia de Star Wars cujo primeiro filme vai ser realizado pelo - ultimamente - realizador de Star Trek (JJ Abrams) em que o trio original vai aparecer e isto tudo no mesmo ano em que o próprio Harrison Ford já admitiu um Blade Runner 2, é suficiente para eriçar todos os pêlos do meu oleoso couro cabeludo enquanto ajeito os meus óculos que teimosamente escorregam do meu nariz à medida que a discussão sobre quem disparou primeiro, Hans Solo ou o Greedo, se intensifica. Mas é claro que foi o Hans Solo!
Agora a sério: porque é que nós, os nerds, discutimos sobre algo tão simples num filme em que o Harrison Ford diz barbaridades como "fazer a volta Kessel em menos de 12 Parsecs" (uma unidade de espaço e não de tempo) e sendo este também um filme em que as pessoas miraculosamente respiram no vácuo!
A verdade é que há uma magia a quem assiste a bom filme de sci-fi, uma magia que é difícil de explicar. É um género de filmes em que a imaginação de quem o vê tem que funcionar e um bom sci-fi é um filme que torna isso fácil de acontecer. O problema está em fazer um bom filme destes, o que me leva à seguinte crítica:
Looper é um excelente filme de Sci-fi protagonizado por um dos monstros do Sci-fi moderno, o Sr. Bruce Willis, e um dos mais fantásticos "novos" actores que por ai andam, Joseph Gordon-Levitt.
Realizado por Rian Johnson - Sabem quem é ele? Pois bem eu também não sabia e entretanto ao escrever este artigo fui investigar e descobri que este é apenas o terceiro filme como realizador na carreira dele e sabem qual vai ser o quarto? STAR WARS VIII!!! Caso para ficarem a pensar se este "Looper" é realmente algo de especial não é?! Olhem eu digo que é. Muito bom mesmo.
Em 2074 foram inventadas as viagens no tempo que, logicamente, foram imediatamente tornadas ilegais. No entanto a máfia do futuro usa-as para enviar pessoas para o passado (30 anos antes) onde um assassino contratado irá matar a vítima e livrar-se de um corpo que ninguém irá andar à procura porque a pessoa 30 anos antes ou não existe ou é ainda uma criança. O único problema neste esquema? É que os assassinos (ou Loopers) acabam por se matarem a si mesmos, é uma cláusula obrigatória no contrato deles e assim que o fazem têm direito a uma reforma e a 30 anos de vida feliz até ao dia em que são encontrados e enviados para trás no tempo para serem mortos por eles mesmos. Ora é exactamente aqui que encontramos Joe (Joseph Gordon Levitt e Bruce Willis) o anti-herói desta história.
Confusos?
É normal e apesar de este tema ser um pouco normal em Sci-fi o que torna este filme mais interessante é toda a abordagem que é feita à história e as características das próprias personagens. Todo o filme está envolvido numa aura Retro dos anos 70, que vai desde os carros, aos penteados, às roupas, etc., simulando o que já se sabe sobre a repetição das modas e depois temos uma história envolvente que nos vai deixar tontos sobre quem é o bom e o mau, bem como os efeitos (teoricamente plausíveis) de se andar a mexer e a brincar com o passado, concluindo com um final que posso considerar um plot twist apesar da solução ter estado sempre debaixo do nosso nariz.
Tanto o Bruce Willis como o Joseph Gordon-Levitt fazem um papel muito sólido e bem conseguido, mas principalmente este ultimo consegue provar que é um dos actores de topo do cinema actual ao protagonizar um assassino cruel, egoísta, drogado e sem escrúpulos que ao ser confrontado com o seu futuro no presente tem que tomar uma decisão brutal e inexplicável - matar-se ou não? Só posso garantir que no final vos surpreenderá a todos.
Este é um filme de Sci-fi muito bem feito e compreendo a escolha do George Lucas e da Disney (enfim...) para convidar Rian Johnson como realizador do Star Wars VIII. É um filme que aborda um tema complexo como as implicações de viagens no tempo e torna-o complexamente ligeiro criando um pseudo-policial de acção retro futurista que nos vai deixar agarrados ao ecrã o tempo todo.
Minha classificação: 7.5/10