quinta-feira, 30 de abril de 2015

"Sono" - Haruki Murakami

"Há dezassete dias que não durmo." - Eu? Não! Fonix, se não dormisse há dezassete dias eu acho que neste momento já estaria a imaginar elefantes cor de rosa a pedalar na lua enquanto fumavam charros e ao som de Bob Marley tentavam criar uma versao Gospel da "One Love" - (Voz Rastafari - "One Loveeeeee.... One Heart... Let's get together and feeeeel alright Man"). Isso ou estaria morto. Acho mais provável esta última.


Pois é, já há algum tempo que estava para começar a ler este senhor - Haruki Murakami - e aproveitei o facto de poder ter em minha posse este belo livro para me iniciar na escrita dele. O livro segue uma mulher nos seus trinta que depois de um episódio de "sleep paralysis" simplesmente não consegue mais dormir. Mas este efeito em vez de causar uma exaustão extrema, muito pelo contrário aguça-lhe a mente e o físico e faz ela questionar-se acerca das prioridades da sua vida. Acompanhamos uma personagem que aparentemente perdeu a graça de viver e ignorava a triste realidade e rotina em que se encontrava. O facto de ter, agora que não sentia vontade nem precisava de dormir, mais tempo para si mesma e para os seus pensamentos cria uma nova rotina e um rejuvenescimento espiritual e mental que motiva a personagem principal a questionar a sua identidade, o seu amor pela família e até mesmo a realidade. Este é num livro em que a paranóia e a filosofia se misturam numa linguagem simples, directa e acessível naquela que é uma escrita muito inteligente, elegante e complexa, que esconde mais que aquilo que diz e torna realmente torna Murakami (dizem os especialistas) um dos melhores escritores da sua geração (eu concordo, mas quem sou eu?). Esta é uma história curta e envolvente que vos vai deixar com tudo menos com "Sono" e no final nos deixa extremamente pensativos e a conjecturar cenários e teorias do que realmente se passou e do que realmente faz sentido. Porque afinal de contas, o que é a realidade?

Na produção deste livro Murakami associou-se à artista alemã Kat Menschik que ao longo do livro apresenta ilustrações lindíssimas que acompanham a narrativa e que trazem um brilho e uma aura especial a este livro. Posso dizer que pela primeira vez compreendi o facto de certos livros trazerem ilustrações e asseguro que a minha experiência com este livro teria sido muito diferente, teria perdido uma certa magia que se mantém presente ao longo do livro. Até porque estas ilustrações são como um espelho para a acção, um retrato do que a protagonista está a sentir num estilo de desenho cativante, subtil e mágico. Segue em baixo exemplos de ilustrações encontradas na obra, mas muitas mais estão presentes e aconselho mesmo a lerem e acompanharem os desenhos para sentirem o espírito todo do livro.



Finalmente tenho que comentar que o Sr Haruki Murakami é o maior troller da história do universo. Não é que eu estava a ler o livro e muito bem assim do nada o raio do Japonês me spoila o final da Ana Karenina, livro que infelizmente só tive a oportunidade de ler o primeiro volume?! Pah Mura, nem todos nós lemos a porcaria do livro! Azar o meu que tive que ler este exactamente entre o volume 1 e 2 da obra prima de Tolstoi! Enfim... Há pessoas que simplesmente nasceram com azar.

Minha nota: 8/10

quarta-feira, 29 de abril de 2015

"O Metaleiro" - Episódio 2 - "A Inspiração"

A Inspiração


"Maybe It's not enough, Maybe this time it's just too much, Maybe I'm not that tough, Maybe this time the road is just too rough to walk down... So I sit down" - Daniel Gildenlöw - "Road Salt" by Pain of Salvation



O que escrever?

Parece uma pergunta básica, e enquanto pergunta realmente o é, no entanto para pessoas que têm uma certa necessidade de se exprimirem, seja pela escrita, pela música ou por qualquer outra forma de expressão artística, esta é uma pergunta que nos aflige demasiado. Este segundo episódio chamo-lhe de "inspiração" porque simplesmente não sei o que escrever e isso aflige-me.

Estas palavras nascem e brotam tal como notas musicais num espectáculo de improviso. Não precisam de um tema, precisam de um contexto. Esse é um dos primeiros problemas de falta de inspiração e é esse contexto que temos que trabalhar, enquanto artistas. Não há nada mais contraproducente que a obrigatoriedade de escrever/compor e é por isso que quando não existe contexto e estou à frente de uma página branca simplesmente me desligo de tentar fazer o que quer que seja. Eu como artista procuro dissociar a minha alma e dar um cunho de mim a tudo o que faço, bom ou mau, gostem do que faço ou não gostem, ao menos parte de mim estará lá e estarei a ser sincero. Por isso escrever sem ter contexto é o mesmo que estar a mentir e/ou prostituir, posso até ter palavras bonitas ou uma boa melodia e posso até vir a estar a receber dinheiro por isso mas não deixa de ser falso e nojento. 

E quando sentes que há contexto mas as palavras não saem? Meus amigos, este é o pior sentimento que se pode ter - é como estarem a tentar respirar mas alguém vos tem a boca tapada e nem gritar conseguem e quanto mais pensam sobre isso mais bloqueados estão. É um sentimento brutal e esmagador porque nos sentimos impedidos pela nossa própria natureza de sermos nós mesmos, porque sentimos demasiado e as palavras não reflectem bem aquilo que queremos dizer ou porque há simplesmente demasiado para se dizer sobre aquilo que sentimos ou porque não há nada que consiga ser dito sobre aquilo que sentimos. Outras vezes porque não há nada que possa ser dito sobre o que não se sabe que se tem.




A inspiração varia de pessoa para pessoa, desde situações vividas, a filosofias de vida, desde pensamentos que vão amadurecendo como mensagens que têm que ser ditas, cada um escolhe o seu "veneno". Desde que sejam sinceros, eu pessoalmente considerarei que é arte. E o Metal tal como qualquer outra arte é um estilo musical que supõe o envolvimento dos ouvintes na mensagem com o objectivo de tentar criar uma reacção, seja ela pessoal, social ou religiosa. Seja ela qual for.

Quase 2 semanas depois de ter escrito/composto algo, o autor deste texto passou pela segunda fase aqui descrita, quebrando o jejum com este texto. A minha inspiração foi ela mesma e o contexto foi este. Simples? Não. Alguns diriam necessário, eu digo natural.

Quando me sinto mais em baixo e mais "overwhelmed" oiço a música que apresento no início desde texto, porque às vezes antes de nos precipitarmos para o fim da estrada, se não soubermos o passo que temos que dar de seguida é melhor sentar e esperar que a poeira assente.

PS: Como já deu para entender este não é (só) um espaço cómico ou (só) sobre o metal. Mas sim a minha perspectiva sobre aquilo que eu quiser falar. Escreverei e serei sincero e não sentirei a pressão de ter que escrever.
PPS: MAS AGRADEÇO QUE ME DÊEM TEMAS PARA EU NÃO FICAR A SENTIR-ME MAL DE NÃO ESCREVER :) -> Podem dar o vosso contributo nos comentários tanto do facebook como do blogger - SE TIVEREM UMA DÚVIDA E QUISEREM OUVIR A PERSPECTIVA DE UM METALEIRO SOBRE O ASSUNTO - PP16 AO VOSSO DISPOR! 

terça-feira, 28 de abril de 2015

Goal!


Não é fácil fazer um filme acerca de futebol. Parece estranho, dado que é o desporto mais popular na Europa e um dos mais populares em todo o mundo. Aparentemente até tem tudo para ser resultar, com histórias bastante interessantes e jogadores que realmente deixaram marca além daquilo que fizeram dentro de quatro linhas. Mas, ainda assim, não há muitos filmes interessantes acerca de futebol. Esta é uma excepção.

Goal! tem logo desde início uma particularidade interessante; não se centra na história de um jogador real. Com tantos jogadores dignos de terem um filme, vamos aqui seguir Santiago Munez, um talentoso jovem mexicano que procura seguir o seu sonho de ser futebolista profissional num grande clube. Seguimos a problemática vida do jogador até chegar ao Newcastle, onde vem a triunfar depois de lutar contra uma série de adversidades.

Não é tanto a história dentro de campo que me fascina neste filme, mas sim tudo o que se passa em volta. Quando digo que não é fácil fazer um filme sobre futebol, muito se deve ao facto de não ser possível simular, com qualquer credibilidade, um jogo de futebol. Tudo vai parecer artificial e falso, os movimentos, as fintas, os remates, os golos... tudo o que torna este jogo tão especial vai perder a magia e, consequentemente, a filme vai falhar, inevitavelmente. Goal! ganha no modo como deixa isso para segundo plano (quando foca o que se passa em campo também falha, como qualquer outro filme), preferindo focar as dificuldades de um futebolista.

Munez é talentoso e cedo percebemos que isso não é suficiente. A sua história de vida não é fácil e a relação que vem a ter com os colegas e treinador quando se transfere para o Newcastle United também não vem propriamente ajudar. É o lado do futebol que não vemos, mas que tem um efeito enorme no desempenho de jogadores e equipas. Ainda que este filme não seja propriamente uma obra-prima, penso que esteve muito bem a passar a mensagem que passou e a contar uma história que, sabemos, não está ao alcance de 99,9% dos que aspiram ser futebolistas.

A par do The Damned United, do Tom Hooper, este é o melhor filme acerca de futebol que vi até hoje. Não é expectável que venham a existir muitos mais e ainda menos mais que consigam ter um nível de qualidade aceitável, mas até lá não me vou cansar de apreciar este Goal! tantas vezes quanto o apanhar a passar em TV (e acreditem que passa bastante...).

7.5/10

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Videojogos + Cinema [2/2]


Na primeira parte desta bonita partilha de conhecimento mostrei, no fundo, como é que os jogos que acabam no cinema se tornam em aberrações em ecrã. Já aconteceu antes, tem acontecido e vai acontecer ainda mais. Tem potencial para resultar, mas nunca resultou seriamente e não há um exemplar que realmente faça justiça à qualidade do material de origem (e, quando faz, é porque o material já era horrível por si). Agora chegou a hora de falar um pouco de possíveis adaptações que poderiam até resultar.


Reconhecido como um dos melhores jogos da geração anterior, com uma história e relação entre personagens bem intensas e interessantes - The Last of Us. Já se fala de filme e é o único em desenvolvimento que acredito que possa funcionar, mas é preciso ter muito cuidado. Adaptar "por alto" um jogo é tão mau como adaptar parte de um livro e ignorar a maior parte. Um filme do The Last of Us iria-se focar, naturalmente, na relação entre o Joel e a Ellie naquele mundo em ruínas. Infelizmente, vai haver também a tentação de criar um vilão desde o primeiro momento, algo que não está presente no jogo e que vai destruir completamente o propósito da aventura em si. Aliás, dificilmente se faz um único filme de uma história tão extensa sem se retirar elementos essenciais e adicionar outros para ajudar a que tudo faça sentido. É essencial respeitar o desenvolvimento das personagens e isso não se consegue em hora e meia, ia tudo parecer plástico e pouco credível. Se eu realizasse? Dois filmes, respeitando todas as personagens secundárias do início ao fim do jogo, começando exactamente no mesmo ponto que o jogo começa e terminando do mesmo exacto modo que o jogo termina. Só não compreendo porque é que o governo não me está a financiar esta ideia.


Outro jogo que adorava ter em mãos para poder realizar: Bioshock Infinite. Aqui o avanço temporal não é tão significativo como no exemplo acima mencionado e isso facilita o trabalho de qualquer nabo que o quisesse adaptar. Há um vilão, há plot twists que nunca seriam ignorados e, no seu todo, é muito mais fácil de funcionar como filme. Ainda assim, todo o cuidado é pouco e facilmente se faz um bocado de bosta com noventa minutos de duração. Há aquele problema chato de o jogo ter muitas partes jogáveis, muito avanço genérico que não pode ser imitado em filme e isso tornaria difícil a transição entre espaços físicos. Toda a primeira parte do jogo até encontrar a Elizabeth pela primeira vez poderia ser resumida em cinco minutos, mas será que isso ia resultar? Deixem-me dizer a partir de já que não, não iria resultar. Era mais complicado, mas tão promissor a nível de argumento como o The Last of Us. Mais uma vez, aguardo pacientemente pelo dia em que alguém me entra por casa a propor-me realizar filmes destes dois jogos.

Tristemente, eu não vou adaptar estes argumentos. Vou, antes, assistir à adaptação por realizadores conceituados ou desconhecidos que vão destruir dois argumentos perfeitos em filmes de acção com o selo de qualidade do Michael Bay. Antes destes filmes resultarem, é preciso reconhecer a qualidade da história presente nos videojogos, perceber que há histórias sérias, bem construídas e intensas que podem ser exploradas. Se é mais fácil agarrar num 50 Shades of Grey, fazer uma tremenda bosta de boi em filme para ganhar milhões? Naturalmente. É isso que uma expressão artística tão bela como o cinema merece? Fica ao critério de cada um.

domingo, 26 de abril de 2015

Um Quarto em Roma




Um quarto, um romance, estética, paixão, sensualidade, sensibilidade, delicadeza e erotismo. Tudo muito simples, como qualquer outra história de amor o é. O descobrimento mútuo, os olhares, a ternura, o apego, o “chega para lá” que existe para que possa acontecer um “volta” com mais força que nunca, a envolvência, um ultimato, doce, amargo, intenso. Apenas um momento captado numa câmara colocada com a maior das perfeições eternizando o toque, o entrelaçar.

A simplicidade num filme (realizado por Júlio Medem, realizador de Lúcia e o Sexo) que se passa num quarto, mas que não limita as amantes Alba (Elena Anaya, soberba) e Natasha (Natasha Yarovenko). Impulsionadas pelas suas vidas antes daquele quarto, cada uma mergulha nas fraquezas, segredos, cantos e curvas uma da outra, viajando bem além da vista do seu quarto sobre a cidade mais bela, a eterna Roma.

A libertação contrasta sistematicamente com quadros que nos trazem a temática religiosa (resta saber se se encontrarem em Roma é apenas bom gosto do realizador e/ou escritores ou também será com o propósito religioso), num renascimento, num descobrimento de ambas as protagonistas. Sim, tem sexo, sim, é cru, sim, é lindo, sim, é poético. O final, esse, é perfeito. Se o virem lembrem-se da conversa das duas protagonistas na varanda enquanto tomam o pequeno almoço.

No final, a despedida, a ternura. É possível amar incondicionalmente por um dia, sim, mas o amor perdura.


7/10

Fica a música adorável que nos acompanha e nos guia ao longo de todo esse descobrimento e dá o mote no seu título para o que acontece no filme: https://www.youtube.com/watch?v=ZMRWeWWHzgw

sábado, 25 de abril de 2015

Joe



Esqueçam tudo o que julgavam saber sobre cinema, e até sobre a vida. Os vossos credos, convicções, opiniões não mais fazem sentido. Porquê? O Nicolas Cage afinal sabe representar! É verdade! Possivelmente quem o viu em Morrer em Las Vegas (e que valeu um Oscar ao Cage apesar de tudo num ano fraco em termos de cinema de qualidade para Óscares) a contracenar com a bela Elisabeth Shue e quem o viu em 8mm já desconfiava que ele poderia, porventura, um dia fazer um grande papel. Pois bem, esse momento chegou e é o que ele faz em Joe.

Joe foi um filme que passou completamente ao lado das pessoas, mas é normal, saiu num dos anos com mais e melhores nomes de blockbusters candidatos a Oscares como 12 Anos Escravo, Lobo de Wall Street, Her… sim, é desse ano, por isso, ter passado um pouco ao lado dos Oscares trata-se de algo absolutamente natural, as atenções estavam já direcionadas para demasiados filmes para ligarem ou sequer darem “tempo de antena” e descobrirem um excelente filme, um dos melhores dramas desse ano, sem dúvida.

Nicolas Cage interpreta o papel de Joe que é um pouco renegado da vida e das autoridades face a acontecimentos passados. Joe é um metaleiro (podem ver em variados momentos Joe chegar ao ponto de encontro com os seus trabalhadores a ouvir metal e vestir t-shirts de Pantera ao longo do filme) que dirige um grupo de trabalhadores que são pagos para destruírem árvores para que os terrenos possam ser vendidos ou semear-se novas plantações nesses locais. Tudo muda na vida de Joe quando conhece Gary e lhe dá trabalho, um adolescente de família decadente, sempre em constantes mudanças de localidade com um pai alcoólico, uma irmã que não fala e uma mãe cuja presença não se faz sentir em qualquer momento.

Joe, que só se tinha de preocupar consigo, passa a preocupar-se também com Gary, um desamparado mas tenaz jovem que lhe aparece na vida. Joe desenvolve por Gary um sentido de proteção enorme que o fará esquecer a bebida e o tabaco, vícios que consome de forma autodestrutiva propositadamente para acalmar o seu temperamento volátil  numa trama onde culmina  posteriormente confrontado com uma situação de redenção.

Destaco ainda a interpretação do pai de Gary, um bêbado, violento que era na realidade um sem-abrigo que foi convidado para desempenhar este papel no filme. Era, porque Gary Poulter (o nome real do pai de Gary) acabaria por morrer poucos meses depois do final das filmagens. David Gordon Green tem por hábito convidar locais para desempenhar papéis em filmes seus e este não foi excepção, conseguindo interpretações cheias de realismo (inclusive dos atores principais neste caso). Arranjem tempo para ver as quase duas horas deste filme, vale cada minuto. Se arranjaram sei lá quantas horas para ver um Boyhood cheio de nada, podem ver isto.

8,5/10 (Não, não estou a exagerar)

Fica aqui o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=_w_yqcQUTfY

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Videojogos + Cinema [1/2]


Qualquer amante de videojogos e cinema já se questionou, em alguma altura da sua vida, o porquê de nenhum jogo, por melhor que seja, dar num bom filme. Isso pode ter acontecido na altura do Mortal Kombat com o Van Damme, com o Tomb Raider da Angelina Jolie ou com os não menos aterrorizadores filmes (no mau sentido) do Silent Hill. Nem sempre isto se justifica com a fraca qualidade do jogo, há histórias muito interessantes que, depois de adaptadas, estão pouco acima de cocó.

Vamos dar uma olhadela nestes casos de [Bom Jogo = Mau Filme]. Max Payne, jogo com uma narrativa inovador e uma personagem principal carismática e interessante. Tanto o primeiro como o segundo são muito bons, especialmente pela história envolvente e o modo como nos é apresentada. O filme? Sim, adivinharam, cocó. Resident Evil, aquela série de jogos que foi como um pai para todos os jogos de terror que depois foram surgindo. Desde então também o jogo perdeu praticamente toda a qualidade e a história já não é, de todo, interessante, mas nem sempre foi assim. Dos filmes, o que é que nós conseguimos reter? A Mila Jovovich.


Se olharmos para o futuro, esta parece uma prática longe de morrer. Estão em desenvolvimento filmes de Warcraft, Uncharted, Assassin's Creed, Mass Effect, The Last of Us... a lista é interminável. Posso adiantar, em primeira mão, que o melhor que vamos poder esperar é um filme razoável, de qualquer um destes nomes. Não está relacionado com a qualidade da narrativa, tem tudo a ver, antes, com o modo aleatório como a adaptação é feita.

Vou voltar aos exemplos. O primeiro filme do Silent Hill (não me dignei a ver o segundo) tenta ser um filme agarrando em todos os pontos icónicos da série de jogos. A cidade, o nevoeiro constante, os segmentos mais aterrorizadores, bruxaria, ilusões e o Pyramid Head. Individualmente e em contexto, estes pontos são geniais; todos juntos no mesmo saco e misturados aleatoriamente em hora e meia, está ao nível de um Under the Skin (facada!). Isto acontece em praticamente todas as adaptações de jogos. Percebo que queiram tentar juntar tudo e fazer um único filme com tudo o que é bom nos jogos, mas isso simplesmente não resulta.


O problema das adaptações não está no material de origem, mas sim na adaptação em si. É fácil agarrar num bom livro e torná-lo num bom filme. O desenvolvimento da narrativa é semelhante, com o plus de um livro poder comportar muita mais informação do que qualquer filme. Um jogo tem muitos mais elementos do que uma narrativa constante e isso pode ser um obstáculo no seu processo de adaptação. É praticamente impossível recriar uma experiência de jogabilidade e, noutros casos, o jogo simplesmente não tem matéria suficiente para passar a filme. Filmes como o de Mortal Kombat estão condenados à nascença, são 99% jogabilidade e 1% de história desinteressante.

Como sei que ficaram interessados no assunto, esta é só a primeira de duas partes acerca deste assunto. No próximo episódio falo um pouco de jogos que podem dar em boas adaptações se fosse eu a realizar. Não percam!

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Ciclo Interrompido

Ciclo interrompido/The Broken Circle Breakdown




Da Bélgica chega-nos uma das mais originais histórias de amor dos últimos (muitos) anos ao som da blue grass music americana. Nomeado para melhor filme estrangeiro em 2014 é mais um dos excelentes filmes que a Bélgica e os seus realizadores nos têm trazido já desde há algum tempo.

Não sou propriamente fã de musicais, e mesmo este filme não o sendo, tem na música grande parte da sua importância e duração mas, vale cada segundo. Johan Heldenbergh que interpreta o papel de Didier é um músico acima de tudo e um faz tudo nos tempos livres. Ela, Elise (Veerle Baetens) uma tatuadora, mais jovem que Didier.

Será através da música que Didier vai chegar até ao coração de Elise, e daqui nasce quase uma relação repleta de paixão, sexo e compreensão a três (sim, a música novamente). Desta relação nasce uma criança não planeada mas amada. No entanto, tal como o filme refere numa das suas passagens mais simbólicas: “A vida não pode ser assim tão generosa”, parafraseando.

A criança (Maybelle) desenvolve um cancro em tenra idade (já agora a criança é interpretada de forma perfeita por Nell Cattrysse) e o mundo vai desabar para o perfeito casal. Escolhas, religião, crenças pessoais, tudo passa a ser questionado, tudo o que dantes não os afetava, tudo o que dantes era ignorado porque o amor era “generoso”.

Com uma linha temporal descontínua, e com um simbolismo fantástico entre as tatuagens de Elise e a frase do filme que já referi aqui várias vezes (vale a pena pensar sobre isso), esta história é-nos mostrada de forma fantástica pela realização e montagem. Preparem-se para ficar sensibilizados quer seja ao início, meio, ou fim do filme.

8/10

Desta vez não vos deixo o trailer, deixo-vos a banda sonora: https://www.youtube.com/watch?v=XKbTtoNsm5U

domingo, 19 de abril de 2015

Uma "lancheira" cheia de amor



A Lancheira/The Lunchbox

Saajan Fernandes (interpretado por Irrfan Khan, ator conhecido nos últimos anos por A Vida de Pi ou Quem Quer ser Bilionário por exemplo) é um funcionário público de meia idade; Ila (Nimrat Kaur) uma jovem esposa dedicada. O que há em comum? Nada, até haver tudo.

Certo dia Ila, que fazia o almoço para o marido juntamente com a sua tia (uma personagem hilariante ao longo da história) e envia-o através do serviço de lancheiras na Índia, um serviço que é tido como “infalível”, mas, infelizmente (ou felizmente) desta vez não foi infalível e a lancheira nunca chega ao seu marido mas sim a Saajan, viúvo, solitário à beira da reforma que esperava um almoço enviado por um restaurante perto da sua casa.

Ila, esposa dedicada, ao receber a lancheira completamente vazia fica feliz, pensando que o marido adorou o almoço mas mal este chega a casa ela percebe que não foi o marido a comer o almoço e na lancheira seguinte começa uma correspondência com Saajan. Depois de cartas trocadas inicialmente com alguma pitada de humor, começam uma correspondência séria, constante, com desabafos de parte a parte.

“Acho que esquecemos as coisas se não temos com quem as partilhar.”

É com esta premissa que a correspondência entre eles desenvolve, sempre com o desejo de também nós podermos experimentar os pratos típicos que Ila atenciosamente prepara para Saajan que, através das cartas, do carinho que vai crescendo por Ila (também através do estômago) redescobre-se para o amor. O homem taciturno começa a desenvolver sentimentos que julgava não estar já apto a desenvolver. Ila, por sua vez, descobre que merece mais atenção, carinho, compreensão do que o marido, traidor, ausente (física e emocionalmente) lhe pode proporcionar.

Cheio de originalidade, mais que não seja pela forma com que estes dois “amantes” trocam correspondência num mundo cada vez mais artificial, instantâneo, sem as borboletas que só a espera sabe provocar, sem intimidade suficiente e com papéis secundários cheios de humor chega-nos esta história através de um serviço de lancheiras infalível que falha.

MAS, talvez esta não seja a história de amor óbvia, ou até pode bem ser. Porquê? Descubram se quiserem. Escrevam vocês as próximas cartas de amor.

“Às vezes o comboio errado leva-nos à estação certa.”

8/10

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=IAH8lRqxWNA

sexta-feira, 17 de abril de 2015

"O Metaleiro" - Episódio 1 - "Metal e Gelados"

"Metal e Gelados"


"There's got to be just more to it than this, or tell me why do we exist? I'd like to think that when I die I get a chance, another try, to return and live again, reincarnate and play the game again..." - Steve Harris - Iron Maiden

Sou metaleiro. Sim sou! E, porra, tenho orgulho nisso! Faço parte de um grupo de pessoas que, em certos meios pseudo-intelectuais sou renegado, considerado um ser inferior, com gostos inferiores que houve música que é só "barulho". Nesta pequena série, de duração desconhecida, vou escrever o que bem me apetecer - sobre o que me apetecer - e mostrar o ponto de vista de um metaleiro sobre o que quer que seja! Objectivo? Mostrar que por baixo das roupas pretas, das correntes, dos gritos e da generalizada agressividade há seres sensíveis que choram a ver o "Marley e Eu", por exemplo, bem como tipos com uma alta percepção do mundo, das injustiças e da generalizada estupidez e hipocrisia. O nosso defeito? Não temos papas na língua. A visualização do seguinte video serve de introdução ao tema inaugural: "PORRA NÃO ESTÁS A VER QUE ESTOU A COMER UM GELADO?!"


Meus amigos sendo eu um metaleiro, identifico-me com o rapaz cá em cima. E não, não tem nada a ver com o acreditar em Deus ou Jesus. Acompanhem-me: imaginem que vão a andar na boa a ouvir "Opeth" no vosso mp3 (sim eu ainda uso mp3) e a comer um belo de um gelado quando um gajo vestido de branco, com um sotaque esquisito vos enfia um microfone pela cara a dentro a perguntar se acreditam em Deus. É óbvio que naquele momento acreditam em tudo menos em Deus! Até o Diabo seria bem vindo! 

A verdade é que este rapaz é a prova viva de que todos os metaleiros são pessoas afáveis. À pergunta "está triste?!" ele imediatamente diz que não, olha para o gelado e mostra o seu crufixo invertido. À pergunta "Acredita que Jesus existe" ele, a olhar para a sua merenda responde que acredita que ele era um louco, não sem mostrar um ar de impaciência quando lhe pede para repetir a pergunta. Metaleiros são assim, pessoas que com um gesto pedem licença para acabar de comer a colherada de sundae antes de admitirem as suas crenças religiosas. Metaleiros são pessoas orgulhosas da sua família - à pergunta "Foi por causa dos seus pais (que se tornou Satânico)?" este responde com um ofendido "Não caralho!" e com um "Fodasse..." quando interrogado acerca do poder de Jesus e enquanto emborcava uma das suas colheres finais do saboroso gelado diz com simplicidade, à afirmação "Deus ama-te", um "eu não gosto dele" sincero. Metaleiros são pessoas que usam crufixos invertidos apenas para mandar "Jesus à merda".
Metaleiros são isto, pessoas apaixonadas por aquilo que acreditam. Que exibem com orgulho os seus casacos com estampados de bandas, que têm paciência para encetar uma conversa com os chatos religiosos e tentar argumentar. Que exibem com orgulho e felicidade, os seus sorrisos mais genuínos, os metal horns que o nosso querido pai do metal, Ronnie James Dio (Satanás o tenha em sua alma) introduziu na nossa cultura. Metaleiros são aqueles que tentam cravar tabaco ATÉ aos evangélicos.

Agora a sério, o metal e a religião é um tema recorrente e que de certa forma anda de mão dada. A cultura metal privilegia o pensamento crítico e livre acima de tudo e com esses pressupostos é natural haver grandes ambiguidades e crenças opostas. Conheço metaleiros cristãos praticantes bem como satânicos convictos e ambos aturam-se, respeitando as diferenças, porque ao contrário destes "pastores" nenhum de ambos quer enfiar esses ideais pela garganta abaixo do outro! Há excepções? Sim claro, mas como em tudo na vida!

A verdade é que no final, tal como num mosh-pit, apertamos todos as mãos e esticamos estas no ar com os cornos bem alto. Porque acima de tudo está a música. Símbolo da união de todas as raças, credos e pensamento livre.

PS: Quem não entendeu o registo no qual o rapaz do vídeo respondeu às perguntas mais "fanáticas" do entrevistador e o meu, assumido em parte do texto, não compreenderá de facto esta cultura. Não temos medo de dizer o que pensamos, seja em que circunstância for, seja de que forma for.

terça-feira, 14 de abril de 2015

“Infernal Affairs”/“Mou gaan dou”

Numa noite quente primaveril, intensa e mágica dois amantes nus, qual fricção explosiva, partilham um olhar debaixo da árvore da vida, no campo do infinito. Esse olhar nada mais mostra toda a intenção, animalesca tentação, de se entregarem um ao outro. Com alma e suor, ele coloca toda a sua intensidade no acto, prazeroso, majestoso, como se a eternidade e a própria existência depende-se do gemido dela. Mas nisto a cobra desce da árvore do conhecimento, no preciso momento em que a velocidade aumenta e ela grita e a união de amor, dolorosa, pacto de sangue, prova de amor começa a tomar forma física, a cobra grita  ao ouvido dele: “PORRA PEDRO, LÁ ESTÁS TU COM ESTAS MERDAS DE INTRODUÇÕES SEXUAIS! Pah a primeira todos se riram, a segunda eu avisei-te que podias estar a abusar, agora uma terceira vez?! Epah tu não entendes nada! Pensas que isto te vai diferenciar dos outros?! És apenas um gajo a escrever num blog de cinema e cenas, começa mas é a fazer a porcaria da crítica ao filme chinês ou de Hong-Kong ou do c! Olha vês já há pessoas a fechar a janela, estás contente?! Chiça Penico!”

“Mou gaan dou”/“Infernal Affairs” (IMDb – 8.1/10)



Como começar a explicar este filme? Filmado em Hong-Kong e lançado em 2002 este é o filme que dá a base da história ao remake americano “The Departed” com o Leonardo DiCaprio, Matt Damon e Jack Nicholson. Ora os actores originais não ficam atrás, mas tal como referi anteriormente este filme é a chamada “ideia original”, ou seja, apresenta um enredo um pouco diferente do cônjuge americano.

Neste filme seguimos duas personagens, o inspector Lau Kin Ming e o gangster das tríades Chen Wing Yan. Ora o que nenhum dos dois sabia é que ambos são infiltrados. Confusos? Deixem-me explicar: O Inspector é na verdade um infiltrado, das tríades, na polícia. O gangster é na verdade um infiltrado, da polícia, nas tríades. E ambos têm a missão de descobrir-se um ao outro.

Ambos recrutados desde muito novos para as posições em questão, eles não sabem mais nada que não a “ideologia” e “motivação” por detrás de cada uma das missões. O objectivo principal da polícia, e do Chen Wing Yan, é desmontar o gang e derrubar o seu super poderoso e influente líder. Já o objectivo do gang, e do inspector, é conseguir recolher informações sobre as operações para que consigam evitar as rusgas e detenções e desta forma controlarem o mercado da droga em Hong-Kong.

Este enredo original dá origem a um filme com um passo bastante rápido onde a imprevisibilidade é a chave. Imprevisibilidade porque parece que se está sempre na iminência se ambos se descobrirem mutuamente, o que origina um final (o chamado plot twist) ainda mais imprevisível.

Realizado por Wai-Keung Lau e Alan Mak e escrito por este último e Felix Chong. A filmagem é a típica que podemos esperar do cinema de Hong-Kong, com um ambiente e cor diferente daquela que podemos sentir em cinema mais ocidental, no entanto executada sem falhas e com uma dupla de actores principais (Andy Lau e Tony Leung), absolutamente poderosos que roubam todas as atenções no ecrã. Apesar de não ser bem explicado, neste filme, o background de cada uma das personagens, sentimos que estas estão tão bem construídas e protagonizadas como se fossem pessoas a sério. Apesar de ser um enredo bastante complexo é fácil de imaginar isto poder alguma vez ter acontecido na vida real e esse toque de realismo, suportado pela conclusão do filme, é uma das armas mais fortes que este filme apresenta.

É um filme que fala sobre a violência de gangs na baía do pacífico asiático e é uma reflexão sobre ideologia, lealdade, dever, o bem e o mal.

Minha nota sobre o filme: 8/10

PS:
Actualização da introdução: O sócio que estava a trepar a outra foi encontrado no acto com a cobra na mão. Foi entretanto acusado de bestialidade (se é o crime ou se é por ter sido simplesmente bestial, deixo à vossa consideração) e recusou prestar declarações à comunicação social. A CMTV está em cima do caso.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Omar

Omar
“Porque choras?
- Porque tu não.”

Este breve e ainda assim longo diálogo resume bem o tipo de filme em si. Escolhas, decisões, amor, traição, crenças, sacrifícios. Omar é um filme realista, um filme com carga emocional, estrutura psicológica, do mesmo realizador de Paradise Now, outro filme de Hany Abu-Assad que lhe valeu um Globo de Ouro na altura. Já Omar, foi, tal como Paradise Now, nomeado para melhor filme estrangeiro acabando por “perder” a estatueta para A Grande Beleza.

Não querendo desvendar demasiado do filme, Omar (Adam Bakri), um jovem padeiro palestiniano, apaixonado por Nádia (Leem Lubany) tem de subir o muro construído pelos israelitas (uma visão sobre o que acontece em Gaza) para evitar os palestinianos. Omar faz ainda parte de um pequeno grupo que pratica atos terroristas contra o exército israelita e são essas duas vertentes da vida de Omar que vão chocar, aglutinar e definir a narrativa na afetação às personagens para o filme obrigando-o a tomadas de decisão que podem alterar tudo o que o rodeia.

Atentem à interpretação humana, real de Adam Bakri e à transformação da personagem ao longo deste Romeu e Julieta contemporâneo.

Diretamente do Médio Oriente, mais um excelente filme, como muitos outros que nos têm chegado desta região.

7,6/10

domingo, 12 de abril de 2015

Furious 7

Tão estranho como eu estar a escrever uma crítica a este filme é o porquê de agora deste se chamar só Furious em vez de Fast and Furious. Continua a contar como a mesma série, não se livram de ter associado o título de sétimo filme de uma saga interminável. Passemos ao que interessa, este Furious 7 é pouco mais do que "apenas mais um", que não precisava da morte do Paul Walker para vender mais uns quantos bilhetes por esse mundo fora.

Em termos de história, se lhe podemos realmente chamar isso, temos aqui Deckard Shaw (Jason Statham), irmão do vilão do último filme (sim, isto aconteceu), que se quer vingar do Vin Diesel e companhia. De resto já sabemos o que esperar: miúdas giras com pouca roupa, tipos enormes com músculos totalmente naturais, carros esquisitos aos quais as leis da física não se aplicam e um pingo de azeite a cada esquina. Chegando a este ponto, ninguém se pode queixar de ter ido ver o filme e não ter sido bem aquilo que esperava.

Sejamos sinceros, esta continua a ser uma série de filmes que serve para entreter. Não é preciso pensar, de todo, nem prestar atenção às tentativas de história que vão aparecendo. Querem ver o Rock a saltar de uma ponte numa ambulância e a cair em cima de um drone gigante? Escolheram o filme certo. Querem usar o cérebro? Há por aí muito bom filme para isso também. Se por um lado não consigo dizer realmente que gosto desta saga, por outro acho que há lugar para ela e para filmes semelhantes neste mundo.

No final, naturalmente, temos a homenagem a Paul Walker, actor que faleceu em 2013 e já andava nesta história dos carros desde 2001. É interessante que um filme faça assim uma homenagem a um actor que, no fundo, teve aqui o seu único grande destaque na carreira. Não é tão interessante bater palmas depois de o filme acabar só porque este lhe foi dedicado. Não, a sério, não faz sentido, estão literalmente a bater palmas a uma tela, onde o projeccionista está a espetar com o filme. Mesmo que o Paul Walker esteja em algum lado onde consiga ver alguma coisa por cá, ele não vai estar a olhar para a vossa sala de cinema, garantidamente. Poupem-se.

6/10

Oldboy

Costuma-se dizer que quem faz uma vez faz duas ou três, ora no meu caso espero vir a fazer mais que uma vez! (“O quê recomeças outra vez um texto com um inuendo sexual?! Chiça penico que este rapaz deve ter problemas!”) – Não meus caros! Garanto que não tenho problemas nenhuns, mas quero acreditar que ainda há regiões de Portugal onde se usa a expressão “Chiça penico”!

OLDBOY (IMDb 8.4/10)



Ora bem hoje vou perder um bocadinho do meu (do vosso?) tempo a falar sobre o filme que me introduziu ao cinema coreano. Este é um filme envolvente que fala sobre um homem, bêbado e descuidado com a sua família, que sem razão nenhuma é raptado e encarcerado durante 15 anos sem contacto nenhum com o exterior, excepto uma televisão na qual ele podia ver todos os programas e notícias (televisão onde ele pode ver que é incriminado também pela morte da sua mulher); Ninguém explica a razão do seu rapto e da mesma forma súbita e inesperada é libertado apenas para saber que tinha um limite de dias para descobrir a mesma razão do seu encarceramento ou ele e as pessoas de que lhe eram importantes seriam mortas.

Este filme é um thriller psicológico intenso no qual podemos ver a debilidade da mente humana e os efeitos que uma prisão a longo prazo sem qualquer tipo de contacto com exterior pode fazer a esta. É um filme com um enredo genialmente composto onde o desejo de sabermos a razão pela qual Oh-Desu (nome da personagem principal) foi preso e está a ser perseguido impera acima de tudo! É um filme onde podemos assistir a um dos finais mais imprevisíveis, inesperados e filosóficos que, eu pessoalmente, já vi. Um filme onde a loucura e o amor andam de mãos dadas de uma forma absolutamente perigosa e onde a vingança é um prato que se serve bem frio…

Este é um filme realizado por Chan-wook Park, um dos mestres do cinema coreano moderno e onde “Oldboy” configura como a segunda peça de uma trilogia (sem enredo em comum) sobre a vingança, num empreendimento que este realizador perseguiu de onde nasceram também mais dois fantásticos filmes – “Sympathy for Mr Vengeance” e “Sympathy for Lady Vengeance” – dois filmes também de grande qualidade onde a vingança é tema comum entre eles. Três filmes onde a vingança é servida de maneiras muito diferentes, cruas, metódicas e assustadoras, onde podemos sentir a crueldade que o ser humano é eventualmente capaz quando os seus alicerces fundamentais (família) são abalados. Chan-wook Park neste filme em concreto tem uns rasgos de Quentin Tarantino que tornam este filme além de intenso e envolvente também muito artístico.

Por fim temos que falar da grande (ENORME) prestação do actor principal: Min-Sik Choi. Para quem é conhecedor de cinema coreano sabe que este é um dos mais conceituados e premiados actores actuais coreanos (e para mim, um dos melhores do mundo), de todos os filmes que já vi dele esta é a prestação mais perfeita que ele fez. Toda a personagem não faria sentido, na minha opinião, se não fosse Min-sik Choi a interpretá-la.

Conclusão, para que não é conhecedor de cinema coreano este é um filme excelente de apresentação: tem dois dos mestres da realização e actuação, é uma história que no fundo apresenta o estilo de filmes no qual o cinema coreano se baseia (thrillers intensos e dramas trágico) algo americanizados mas onde a essência de Hollywood é substituída por uma lufada de ar fresco argumentativo. No fundo um MUST WATCH antes de baterem a bota com a perdigota! Sim acabei o texto desta forma, agora tenho que ir almoçar! Chiça Penico!

Nota do autor (9/10).

PS: POR FAVOR, PELA VOSSA VIDA, NUNCA VEJAM A VERSÃO AMERICANA DO SPIKE LEE! 

sábado, 11 de abril de 2015

Lovelace

Lovelace
Ok, ponto assente: não esperem nada sequer remotamente parecido ao Boogie Nights. Agora que as esperanças desvaneceram e a expectativa baixou (para quem ainda tinha alguma) podemos falar deste filme. 

A história de Linda Lovelace (interpretada por Amanda Seyfried), a actriz porno, outrora menina inocente que vivia sob a alçada rígida dos pais conservadores e que se viria a tornar símbolo da indústria pornográfica, desmistificação sexual e até certo ponto da emancipação feminina nos EUA. Tudo isto, no entanto, é praticamente deixado em segundo plano (pois...).

O filme incide sobretudo na relação autoritária e agressiva entre Chuck (Peter) e Linda, sua mulher. Em conjunto vão fazer uma viagem trágica entre a ascensão (que nunca o chegou a ser) e a queda, que, na realidade, sempre foi algo constante na vida entre o casal, manchada pelo machismo e violência doméstica de Chuck que exercia um poder opressor sobre Linda.

O filme nunca chega a conseguir transmitir alma, mesmo com boas interpretações de Amanda Seyfried e Sharon Stone no papel de mãe de Linda que fazem o que podem com a (pouca) estrutura emocional que lhes foi dada. Tendo sido um fiasco de bilheteiras percebe-se bem a razão. Desinteressante, com zero complexidade, é um filme que tentando ser educado facilmente passa essa barreira e se torna insípido tornando muito difícil que nos identifiquemos minimamente com o mesmo. Uma pena, Linda Lovelace (a verdadeira) pelo que representou para a sociedade merecia muito mais. 

4/10

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Sons of Anarchy - "O Voo dos Corvos"

WARNING: VER ESTE ARTIGO A OUVIR A SEGUINTE MÚSICA: (This Life - Curtis Stigers & The Forest Rangers.)

A partir deste momento já não sou virgem! O quê?! Que obscenidade este rapaz disse?! (Obscenidade nada que eu não sou de tabus!)

Pronto, com esta introdução original passo a explicar-me - é a minha primeira entrada de sempre num blog e/ou artigo de opinião e como tudo na vida quando uma pessoa se depara com estes momentos especiais tenta torná-los únicos e memoráveis e eu não podia perder a minha “virgindade” com algo absolutamente banal, por isso depois de muita reflexão decidi falar sobre aquela que considero ser uma das melhores séries que já vi!

SONS OF ANARCHY

Foi numa noite de Janeiro deste ano que por pura curiosidade decidi dar uma hipótese a esta série, já me tinham falado maravilhas dela tanto pela história em si como pela banda sonora e pelas participações especiais. O tema é aparentemente simples e para muitas pessoas acredito que seja motivo de cepticismo; estamos pois a falar da história de um clube de Motards que está envolvido em esquemas de negócios de armas ilegais e crime violento e da relação de um jovem pai que tenta criar o filho recém nascido e encontrar um balanço, na sua vida, entre a família e o clube, sendo que ama ambos da mesma forma e estes (família e clube) estão ligados de uma forma profunda e intrínseca.

Kurt Sutter é o nome do criador, realizador, produtor e argumentista desta série, este também representa um pequeno papel como actor e inclusivamente compôs várias músicas que foram incluídas como parte da banda sonora (estão a ouvir a música que aconselhei certo?!); é pois o “génio” por detrás desta grande série. Nela perdemo-nos emocionalmente a tentar distinguir o bem do mal pois afinal de contas os protagonistas da série são capazes dos mais bárbaros crimes, mas o brilho da série reside mesmo no facto de considerarmos os “bons da fita” exatamente os maus. Certo que há personagens ainda piores e mais “más”, tanto moralmente como em termos de argumento, mas a verdade é que à medida que nos vamos afeiçoando às personagens e às suas histórias individuais vamos desculpando todos aqueles actos e vamos até compreendendo as motivações e a própria luta interior de todas estas personagens, o que em certos momentos é assustador…

Aqui deparo-me com o problema de querer dizer tudo mas não querer estragar nada para quem ainda não viu e está interessado em ver e, por isso mesmo, quero apenas dizer que a beleza desta série está no amor que Jax Teller (personagem principal interpretada por Charlie Hunnam) sente pela família, pela mulher e pelos filhos e por tudo o que ele tem que fazer, da única forma que o sabe fazer, para os manter a salvo.

A banda sonora é um elemento fundamental e em certos momentos completamente arrepiante, a forma como grande parte das músicas são escolhidas e adaptadas para as cenas que estão a ocorrer originam momentos inesquecíveis que vos vão fazer puxar do “youtube” e escrever: “Sons of anarchy song Episode X Season X”; Tendo em conta a cultura e o tema dos “Motorcicle Clubs” o  Rock e Metal é presença garantida e constituem o estilo de banda sonora e isto (para quem gosta) vai trazer grandes sorrisos pois poderão também ver no papel de actores personalidades conhecidas do mundo da música como por exemplo Henry Rollins, ex-Black Flag, na segunda temporada bem como os infames Marylin Mason e Courtney Love na sétima e última temporada.

Esta é uma história que mostra o significado de amor, sacrifício, o Bem, o Mal, a lealdade, a irmandade e a aceitação. É uma história que vos vai fazer tanto rir como chorar, que vos vai fazer abrir a boca tanto de horror como de surpresa mas que acima de tudo vos vai apaixonar pela densidade de cada personagem e respectivos relacionamentos e pela forma como eles são capazes de amar e odiar; As personagens são obviamente ficção mas de tão bem interpretadas e criadas que são não podemos deixar de sentir que bem poderiam ser pessoas reais e esse facto é assustador dado o contexto que a série é criada.

Numa noite de Janeiro deste ano comecei a ver esta série e mal sabia no que me estava a meter; 4 meses depois acabei-a e depois de muitas gargalhadas, suspiros, gritos e momentos de grande incredulidade – chorei – ver os últimos 10 minutos desta série é ver poesia em imagens e é sentir que perderam algo que é vosso e torna-se difícil imaginar um dia seguinte em que não vão ser acompanhados por esta história e por estas personagens. É pois um sentimento de perda que se origina de tão emocionalmente envolvente que a série é. Tentar passar para palavras aquilo que senti sem poder explicar o que aconteceu é impossível. É algo que vocês, se quiserem, têm que ver por vocês mesmos, mas posso dizer que neste momento que escrevo e me lembro de todos os bons momentos que passei e todo o amor que senti por estas personagens sinto ainda um aperto no coração de já não haver mais episódios.

Este foi o meu primeiro texto e decidi usá-lo para tentar passar todo o carinho e entusiasmo que senti por esta série maravilhosa e no fundo fazer uma pequena homenagem a algo que de tão fantástico, envolvente, recompensador e apaixonante que se tornou parte de mim mesmo e por isso acabo esta crónica com as mesmas últimas palavras que poderão ler na série, pois estas definem todos os 95 episódios das 7 temporadas de SOA:

"Doubt thou the stars are fire:
Doubt that the sun doth move;
Doubt the truth to be a liar;
But never doubt I love" - William Shakespeare


Sons of Anarchy: 9/10

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Séries de Filmes que Já Deviam Ter Terminado há Muito Tempo

Um título bastante específico, não? Mais se tornará à medida que entram por este texto dentro, quando perceberem que só o criei com dois ou três séries de filmes em mente. Ainda que, de qualquer modo, "séries de filmes" acabe por ser sinónimo de "algo que provavelmente durou mais do que devia".

Por norma, quando recebemos a sétima ou oitava edição de um filme, sabemos que este já foi longe de mais e, no fundo, já está ligado à máquina há demasiados anos. Chegou agora aos cinemas o Fast and Furious mais recente, mas esta não é só uma desculpa para descascar no Vin Diesel e amigos, este ano está recheado de filmes que já deram o que tinham a dar e nunca mais desaparecem. O Jurassic World já é o quarto da série, o Terminator é o quinto e o Star Wars é o sétimo (sabendo já que até aos 9 isto vai).

Houve um tempo em que este era um mal mais associado aos filmes de terror. Se me perguntarem a quantidade de filmes que houve com o Jason ou com o Freddy Kruger (ou, sabe Deus porquê, com os dois) a única coisa que sei dizer é que foram demasiados. Actualmente vemos que isso se alargou a todo o género filmes em que a única coisa em comum parece ser a qualidade decrescente com o passar dos anos. Temos filmes dos Transformers que nunca mais acabam, adaptações de livros para adolescentes divididos em 10 partes e torcidos ali até à última gota que a vaca é capaz de verter antes de cair para o lado e falecer.

A razão pela qual isto acontece é óbvia, é mais fácil e rentável repetir a mesma fórmula do que propriamente aparecer com algo novo e relevante. O que não consigo perceber é como é que isto se torna rentável, como é a que uma décima-sexta entrega do Paranormal Activity tem salas cheias e o vigésimo filme do Adam Sandler (sejamos sinceros, é como se fosse tudo o mesmo) se torna a coisa mais adorável de todos os Verões. Este é também um apelo para deixarem de ir às salas de cinema ver cocó, estarão a contribuir para o fim do cinema mau, uma causa que apoio desde que vi o Saw 7.

terça-feira, 7 de abril de 2015

“Gianluca meu amor, é urgente que parta o mais breve possível e que deixe para trás estas malditas terras e a memória do horror que nelas viveu. Nada mais o prende aqui. A mulher que amou jaz morta, sepultada à sombra destes impassíveis montes. À semelhança deles, também o Senhor é testemunha do meu óbito e como eles, nada dirá. Pois se a memória dos homens é limitada, já a do Mundo é eterna e a ela ninguém poderá escapar. Se crime...s cometemos juntos, a sua participação neles em nada é comparável à minha. O senhor é insensato e por isso não vê que passou estes últimos meses ao lado de uma louca infeliz que pode recordar com carinho os momentos onde todos só verão aterradoras iniquidades. Peço-lhe que reduza a cinzas esta triste carta, a última que lhe escreverei e à qual não me responderá. E peço-lhe que nunca revele em minha vida os monumentais crimes que vivemos.
Aurora”


Tabu, um filme de Miguel Gomes

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Jupiter Ascending


Já não é um filme recente, nem tanto um filme relevante o suficiente para merecer que eu aqui o recorde, mas às vezes o coração manda mais e há coisas que têm de ser ditas. Jupiter Ascending é o mais recente esforço dos irmãos Wachowski para tentar mostrarem que estão vivos e capazes de fazer algo relevante na vida além do Matrix. Não me percebam mal, adorei o Cloud Atlas, mas a verdade é que não foi minimamente consensual ou apreciado no geral.

Jupiter Ascending era, à partida, uma ideia que tinha tudo para correr mal. A heroína é interpretada pela reconhecida actriz de cinema de acção Mila Kunis, o herói pelo sempre talentoso e versátil Channing Tatum e o vilão pelo galardoado Stephen Hawking. Além desta escolha acertada de actores, não há um real argumento. Existe sim um misturar de coisas que dão a entender que talvez pudesse ser desenvolvido algo se o filme tivesse mais umas 10 horas, pelo menos, sem que o resultado fosse positivo de qualquer modo, naturalmente.

Todo o filme passa num piscar de olhos, ou em vários, nas cenas de acção. Quando as várias raças e monstros decidem lutar entre si, tudo o que o mais atento dos espectadores vai ver são flashes de pistolas laser e patins luminosos por todo o lado, tornando penoso tentar acompanhar o que está a acontecer se, de facto, algo acontece. Fora isto, com toda a sinceridade, acho que não aconteceu nada relevante. A história não funciona, as personagens são desinteressantes e pouco queremos saber do que lhes possa vir a acontecer, os vilões são fracos e burros e o universo criado é tão fascinante como o mundo dos Teletubbies.

Há realizadores que, por mais que tentem, vão sempre ser conhecidos como "os gajos que fizeram o filme X". Acho que não vale a pena continuar a tentar por agora, tentem antes regressar daqui a 20 anos com um filme do tipo Birdman, onde acompanhamos a história de dois realizadores que tiveram um bom filme seguido de uma carreira que ninguém quer relembrar. Já cansa ver "dos realizadores de Matrix" em tanto cartaz.

2.5/10

Raptadas


Raptadas / Prisoners
Do realizador de Enemy (baseado n'O Homem Duplicado, obra de José Saramago) é mais um excelente filme de Denis Villeneuve e tal como a obra já citada, também este com Jake Gyllenhal num dos papéis principais.

Raptadas foi um dos grandes filmes de 2013 que foram completamente ofuscados nas atribuições de prémios cinematográficos mais badalados devido à infindável lista de grandes filmes na colheita desse ano com nomes como Lobo de Wall Street, 12 Anos Escravo, Golpada Americana, Clube de Dallas, Gravidade… já perceberam a ideia? Facilmente se poderia referir mais meia dúzia de filmes só de cabeça, o que revela bem a qualidade e quantidade desse ano tendo Raptadas só obtido nomeação para um Óscar de menor relevo. No entanto, apesar de ter passado despercebido, Raptadas irá perdurar para as pessoas que gostam de bom cinema como um grande filme. 

Não se assustem com as aproximadas duas horas e meia de duração pois Hugh Jackman e Jake Gyllenhal fazem-nas ser bem passadas. Hugh (Keller Dover) é pai de uma de duas meninas desaparecidas sendo Maria Bello a mãe e Viola Davis com Terrence Howard também com excelentes interpretações a desempenharem os papéis de pais da outra menina. Ambos os casais depositam as suas esperanças no detetive Loki (Jake Gyllenhal), um detetive excêntrico que nunca falhou em nenhum dos seus anteriores casos. Paul Dano é ao que tudo indica o raptor das crianças e aquando da sua libertação Keller vê-se obrigado a tentar descobrir a verdade pelas suas próprias mãos. Foge aos clichés dos filmes deste tipo, sobretudo todo o final. Para não perder nada é preciso ter atenção ao longo do filme e sobretudo levantar o som da televisão (ou computador) no final.

8,3/10

sexta-feira, 3 de abril de 2015

O Que a Maisie Sabe

O Que a Maisie Sabe / What Maisie Knew
O filme é baseado no livro homónimo de Henry James adaptado aos nossos tempos e retrata a perspetiva de uma criança  (Maisie) sobre o divórcio nada pacífico entre os pais interpretados pelos reconhecidos e galardoados Julianne Moore e Steve Coogan. 

Sem nunca ter lido ou sequer visto qualquer referência a este filme foi uma agradável surpresa. Maisie (Onata Aprile) é esquecida, usada como arma de arremesso entre os pais sob um pretexto de vingança de parte a parte e balança numa dança na qual é apenas um objeto de uma guerra irresponsável. É interessante a recorrência a planos visuais filmados à altura da Maisie, dando uma melhor perspetiva sobre o que ela está a passar. Onata dá à personagem a dose certa de leveza, sofrimento e ao mesmo tempo adorável, triste e inocente expressividade próprias da idade e situação, tal como a imaginamos. A menina acaba por ter nos companheiros dos seus pais os seus heróis improváveis e verdadeiros protetores. Alexander Skarsgard (no papel de Lincoln) desenvolve por Maisie uma relação de proteção, carinho e companheirismo difícil de não nos identificarmos e adorarmos ao mesmo tempo sendo que ao início o que pode até parecer uma interpretação estranha de Alexander com o decorrer do filme facilmente a traduzimos na estranheza de Lincoln se encontrar sem noção prévia do papel fundamental que viria a desempenhar na vida da menina de um momento para o outro, papel esse que lhe fará chegar até Margo (Joanna Vanderham), a atual companheira do pai biológico de Maisie, e desenvolverem entre si uma relação especial sendo Maisie de forma acidental o fator fundamental para a mesma.

7,5/10