quinta-feira, 23 de abril de 2015

Videojogos + Cinema [1/2]


Qualquer amante de videojogos e cinema já se questionou, em alguma altura da sua vida, o porquê de nenhum jogo, por melhor que seja, dar num bom filme. Isso pode ter acontecido na altura do Mortal Kombat com o Van Damme, com o Tomb Raider da Angelina Jolie ou com os não menos aterrorizadores filmes (no mau sentido) do Silent Hill. Nem sempre isto se justifica com a fraca qualidade do jogo, há histórias muito interessantes que, depois de adaptadas, estão pouco acima de cocó.

Vamos dar uma olhadela nestes casos de [Bom Jogo = Mau Filme]. Max Payne, jogo com uma narrativa inovador e uma personagem principal carismática e interessante. Tanto o primeiro como o segundo são muito bons, especialmente pela história envolvente e o modo como nos é apresentada. O filme? Sim, adivinharam, cocó. Resident Evil, aquela série de jogos que foi como um pai para todos os jogos de terror que depois foram surgindo. Desde então também o jogo perdeu praticamente toda a qualidade e a história já não é, de todo, interessante, mas nem sempre foi assim. Dos filmes, o que é que nós conseguimos reter? A Mila Jovovich.


Se olharmos para o futuro, esta parece uma prática longe de morrer. Estão em desenvolvimento filmes de Warcraft, Uncharted, Assassin's Creed, Mass Effect, The Last of Us... a lista é interminável. Posso adiantar, em primeira mão, que o melhor que vamos poder esperar é um filme razoável, de qualquer um destes nomes. Não está relacionado com a qualidade da narrativa, tem tudo a ver, antes, com o modo aleatório como a adaptação é feita.

Vou voltar aos exemplos. O primeiro filme do Silent Hill (não me dignei a ver o segundo) tenta ser um filme agarrando em todos os pontos icónicos da série de jogos. A cidade, o nevoeiro constante, os segmentos mais aterrorizadores, bruxaria, ilusões e o Pyramid Head. Individualmente e em contexto, estes pontos são geniais; todos juntos no mesmo saco e misturados aleatoriamente em hora e meia, está ao nível de um Under the Skin (facada!). Isto acontece em praticamente todas as adaptações de jogos. Percebo que queiram tentar juntar tudo e fazer um único filme com tudo o que é bom nos jogos, mas isso simplesmente não resulta.


O problema das adaptações não está no material de origem, mas sim na adaptação em si. É fácil agarrar num bom livro e torná-lo num bom filme. O desenvolvimento da narrativa é semelhante, com o plus de um livro poder comportar muita mais informação do que qualquer filme. Um jogo tem muitos mais elementos do que uma narrativa constante e isso pode ser um obstáculo no seu processo de adaptação. É praticamente impossível recriar uma experiência de jogabilidade e, noutros casos, o jogo simplesmente não tem matéria suficiente para passar a filme. Filmes como o de Mortal Kombat estão condenados à nascença, são 99% jogabilidade e 1% de história desinteressante.

Como sei que ficaram interessados no assunto, esta é só a primeira de duas partes acerca deste assunto. No próximo episódio falo um pouco de jogos que podem dar em boas adaptações se fosse eu a realizar. Não percam!

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