domingo, 12 de abril de 2015

Oldboy

Costuma-se dizer que quem faz uma vez faz duas ou três, ora no meu caso espero vir a fazer mais que uma vez! (“O quê recomeças outra vez um texto com um inuendo sexual?! Chiça penico que este rapaz deve ter problemas!”) – Não meus caros! Garanto que não tenho problemas nenhuns, mas quero acreditar que ainda há regiões de Portugal onde se usa a expressão “Chiça penico”!

OLDBOY (IMDb 8.4/10)



Ora bem hoje vou perder um bocadinho do meu (do vosso?) tempo a falar sobre o filme que me introduziu ao cinema coreano. Este é um filme envolvente que fala sobre um homem, bêbado e descuidado com a sua família, que sem razão nenhuma é raptado e encarcerado durante 15 anos sem contacto nenhum com o exterior, excepto uma televisão na qual ele podia ver todos os programas e notícias (televisão onde ele pode ver que é incriminado também pela morte da sua mulher); Ninguém explica a razão do seu rapto e da mesma forma súbita e inesperada é libertado apenas para saber que tinha um limite de dias para descobrir a mesma razão do seu encarceramento ou ele e as pessoas de que lhe eram importantes seriam mortas.

Este filme é um thriller psicológico intenso no qual podemos ver a debilidade da mente humana e os efeitos que uma prisão a longo prazo sem qualquer tipo de contacto com exterior pode fazer a esta. É um filme com um enredo genialmente composto onde o desejo de sabermos a razão pela qual Oh-Desu (nome da personagem principal) foi preso e está a ser perseguido impera acima de tudo! É um filme onde podemos assistir a um dos finais mais imprevisíveis, inesperados e filosóficos que, eu pessoalmente, já vi. Um filme onde a loucura e o amor andam de mãos dadas de uma forma absolutamente perigosa e onde a vingança é um prato que se serve bem frio…

Este é um filme realizado por Chan-wook Park, um dos mestres do cinema coreano moderno e onde “Oldboy” configura como a segunda peça de uma trilogia (sem enredo em comum) sobre a vingança, num empreendimento que este realizador perseguiu de onde nasceram também mais dois fantásticos filmes – “Sympathy for Mr Vengeance” e “Sympathy for Lady Vengeance” – dois filmes também de grande qualidade onde a vingança é tema comum entre eles. Três filmes onde a vingança é servida de maneiras muito diferentes, cruas, metódicas e assustadoras, onde podemos sentir a crueldade que o ser humano é eventualmente capaz quando os seus alicerces fundamentais (família) são abalados. Chan-wook Park neste filme em concreto tem uns rasgos de Quentin Tarantino que tornam este filme além de intenso e envolvente também muito artístico.

Por fim temos que falar da grande (ENORME) prestação do actor principal: Min-Sik Choi. Para quem é conhecedor de cinema coreano sabe que este é um dos mais conceituados e premiados actores actuais coreanos (e para mim, um dos melhores do mundo), de todos os filmes que já vi dele esta é a prestação mais perfeita que ele fez. Toda a personagem não faria sentido, na minha opinião, se não fosse Min-sik Choi a interpretá-la.

Conclusão, para que não é conhecedor de cinema coreano este é um filme excelente de apresentação: tem dois dos mestres da realização e actuação, é uma história que no fundo apresenta o estilo de filmes no qual o cinema coreano se baseia (thrillers intensos e dramas trágico) algo americanizados mas onde a essência de Hollywood é substituída por uma lufada de ar fresco argumentativo. No fundo um MUST WATCH antes de baterem a bota com a perdigota! Sim acabei o texto desta forma, agora tenho que ir almoçar! Chiça Penico!

Nota do autor (9/10).

PS: POR FAVOR, PELA VOSSA VIDA, NUNCA VEJAM A VERSÃO AMERICANA DO SPIKE LEE! 

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