domingo, 19 de abril de 2015

Uma "lancheira" cheia de amor



A Lancheira/The Lunchbox

Saajan Fernandes (interpretado por Irrfan Khan, ator conhecido nos últimos anos por A Vida de Pi ou Quem Quer ser Bilionário por exemplo) é um funcionário público de meia idade; Ila (Nimrat Kaur) uma jovem esposa dedicada. O que há em comum? Nada, até haver tudo.

Certo dia Ila, que fazia o almoço para o marido juntamente com a sua tia (uma personagem hilariante ao longo da história) e envia-o através do serviço de lancheiras na Índia, um serviço que é tido como “infalível”, mas, infelizmente (ou felizmente) desta vez não foi infalível e a lancheira nunca chega ao seu marido mas sim a Saajan, viúvo, solitário à beira da reforma que esperava um almoço enviado por um restaurante perto da sua casa.

Ila, esposa dedicada, ao receber a lancheira completamente vazia fica feliz, pensando que o marido adorou o almoço mas mal este chega a casa ela percebe que não foi o marido a comer o almoço e na lancheira seguinte começa uma correspondência com Saajan. Depois de cartas trocadas inicialmente com alguma pitada de humor, começam uma correspondência séria, constante, com desabafos de parte a parte.

“Acho que esquecemos as coisas se não temos com quem as partilhar.”

É com esta premissa que a correspondência entre eles desenvolve, sempre com o desejo de também nós podermos experimentar os pratos típicos que Ila atenciosamente prepara para Saajan que, através das cartas, do carinho que vai crescendo por Ila (também através do estômago) redescobre-se para o amor. O homem taciturno começa a desenvolver sentimentos que julgava não estar já apto a desenvolver. Ila, por sua vez, descobre que merece mais atenção, carinho, compreensão do que o marido, traidor, ausente (física e emocionalmente) lhe pode proporcionar.

Cheio de originalidade, mais que não seja pela forma com que estes dois “amantes” trocam correspondência num mundo cada vez mais artificial, instantâneo, sem as borboletas que só a espera sabe provocar, sem intimidade suficiente e com papéis secundários cheios de humor chega-nos esta história através de um serviço de lancheiras infalível que falha.

MAS, talvez esta não seja a história de amor óbvia, ou até pode bem ser. Porquê? Descubram se quiserem. Escrevam vocês as próximas cartas de amor.

“Às vezes o comboio errado leva-nos à estação certa.”

8/10

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=IAH8lRqxWNA

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