sexta-feira, 10 de abril de 2015

Sons of Anarchy - "O Voo dos Corvos"

WARNING: VER ESTE ARTIGO A OUVIR A SEGUINTE MÚSICA: (This Life - Curtis Stigers & The Forest Rangers.)

A partir deste momento já não sou virgem! O quê?! Que obscenidade este rapaz disse?! (Obscenidade nada que eu não sou de tabus!)

Pronto, com esta introdução original passo a explicar-me - é a minha primeira entrada de sempre num blog e/ou artigo de opinião e como tudo na vida quando uma pessoa se depara com estes momentos especiais tenta torná-los únicos e memoráveis e eu não podia perder a minha “virgindade” com algo absolutamente banal, por isso depois de muita reflexão decidi falar sobre aquela que considero ser uma das melhores séries que já vi!

SONS OF ANARCHY

Foi numa noite de Janeiro deste ano que por pura curiosidade decidi dar uma hipótese a esta série, já me tinham falado maravilhas dela tanto pela história em si como pela banda sonora e pelas participações especiais. O tema é aparentemente simples e para muitas pessoas acredito que seja motivo de cepticismo; estamos pois a falar da história de um clube de Motards que está envolvido em esquemas de negócios de armas ilegais e crime violento e da relação de um jovem pai que tenta criar o filho recém nascido e encontrar um balanço, na sua vida, entre a família e o clube, sendo que ama ambos da mesma forma e estes (família e clube) estão ligados de uma forma profunda e intrínseca.

Kurt Sutter é o nome do criador, realizador, produtor e argumentista desta série, este também representa um pequeno papel como actor e inclusivamente compôs várias músicas que foram incluídas como parte da banda sonora (estão a ouvir a música que aconselhei certo?!); é pois o “génio” por detrás desta grande série. Nela perdemo-nos emocionalmente a tentar distinguir o bem do mal pois afinal de contas os protagonistas da série são capazes dos mais bárbaros crimes, mas o brilho da série reside mesmo no facto de considerarmos os “bons da fita” exatamente os maus. Certo que há personagens ainda piores e mais “más”, tanto moralmente como em termos de argumento, mas a verdade é que à medida que nos vamos afeiçoando às personagens e às suas histórias individuais vamos desculpando todos aqueles actos e vamos até compreendendo as motivações e a própria luta interior de todas estas personagens, o que em certos momentos é assustador…

Aqui deparo-me com o problema de querer dizer tudo mas não querer estragar nada para quem ainda não viu e está interessado em ver e, por isso mesmo, quero apenas dizer que a beleza desta série está no amor que Jax Teller (personagem principal interpretada por Charlie Hunnam) sente pela família, pela mulher e pelos filhos e por tudo o que ele tem que fazer, da única forma que o sabe fazer, para os manter a salvo.

A banda sonora é um elemento fundamental e em certos momentos completamente arrepiante, a forma como grande parte das músicas são escolhidas e adaptadas para as cenas que estão a ocorrer originam momentos inesquecíveis que vos vão fazer puxar do “youtube” e escrever: “Sons of anarchy song Episode X Season X”; Tendo em conta a cultura e o tema dos “Motorcicle Clubs” o  Rock e Metal é presença garantida e constituem o estilo de banda sonora e isto (para quem gosta) vai trazer grandes sorrisos pois poderão também ver no papel de actores personalidades conhecidas do mundo da música como por exemplo Henry Rollins, ex-Black Flag, na segunda temporada bem como os infames Marylin Mason e Courtney Love na sétima e última temporada.

Esta é uma história que mostra o significado de amor, sacrifício, o Bem, o Mal, a lealdade, a irmandade e a aceitação. É uma história que vos vai fazer tanto rir como chorar, que vos vai fazer abrir a boca tanto de horror como de surpresa mas que acima de tudo vos vai apaixonar pela densidade de cada personagem e respectivos relacionamentos e pela forma como eles são capazes de amar e odiar; As personagens são obviamente ficção mas de tão bem interpretadas e criadas que são não podemos deixar de sentir que bem poderiam ser pessoas reais e esse facto é assustador dado o contexto que a série é criada.

Numa noite de Janeiro deste ano comecei a ver esta série e mal sabia no que me estava a meter; 4 meses depois acabei-a e depois de muitas gargalhadas, suspiros, gritos e momentos de grande incredulidade – chorei – ver os últimos 10 minutos desta série é ver poesia em imagens e é sentir que perderam algo que é vosso e torna-se difícil imaginar um dia seguinte em que não vão ser acompanhados por esta história e por estas personagens. É pois um sentimento de perda que se origina de tão emocionalmente envolvente que a série é. Tentar passar para palavras aquilo que senti sem poder explicar o que aconteceu é impossível. É algo que vocês, se quiserem, têm que ver por vocês mesmos, mas posso dizer que neste momento que escrevo e me lembro de todos os bons momentos que passei e todo o amor que senti por estas personagens sinto ainda um aperto no coração de já não haver mais episódios.

Este foi o meu primeiro texto e decidi usá-lo para tentar passar todo o carinho e entusiasmo que senti por esta série maravilhosa e no fundo fazer uma pequena homenagem a algo que de tão fantástico, envolvente, recompensador e apaixonante que se tornou parte de mim mesmo e por isso acabo esta crónica com as mesmas últimas palavras que poderão ler na série, pois estas definem todos os 95 episódios das 7 temporadas de SOA:

"Doubt thou the stars are fire:
Doubt that the sun doth move;
Doubt the truth to be a liar;
But never doubt I love" - William Shakespeare


Sons of Anarchy: 9/10

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