terça-feira, 14 de abril de 2015

“Infernal Affairs”/“Mou gaan dou”

Numa noite quente primaveril, intensa e mágica dois amantes nus, qual fricção explosiva, partilham um olhar debaixo da árvore da vida, no campo do infinito. Esse olhar nada mais mostra toda a intenção, animalesca tentação, de se entregarem um ao outro. Com alma e suor, ele coloca toda a sua intensidade no acto, prazeroso, majestoso, como se a eternidade e a própria existência depende-se do gemido dela. Mas nisto a cobra desce da árvore do conhecimento, no preciso momento em que a velocidade aumenta e ela grita e a união de amor, dolorosa, pacto de sangue, prova de amor começa a tomar forma física, a cobra grita  ao ouvido dele: “PORRA PEDRO, LÁ ESTÁS TU COM ESTAS MERDAS DE INTRODUÇÕES SEXUAIS! Pah a primeira todos se riram, a segunda eu avisei-te que podias estar a abusar, agora uma terceira vez?! Epah tu não entendes nada! Pensas que isto te vai diferenciar dos outros?! És apenas um gajo a escrever num blog de cinema e cenas, começa mas é a fazer a porcaria da crítica ao filme chinês ou de Hong-Kong ou do c! Olha vês já há pessoas a fechar a janela, estás contente?! Chiça Penico!”

“Mou gaan dou”/“Infernal Affairs” (IMDb – 8.1/10)



Como começar a explicar este filme? Filmado em Hong-Kong e lançado em 2002 este é o filme que dá a base da história ao remake americano “The Departed” com o Leonardo DiCaprio, Matt Damon e Jack Nicholson. Ora os actores originais não ficam atrás, mas tal como referi anteriormente este filme é a chamada “ideia original”, ou seja, apresenta um enredo um pouco diferente do cônjuge americano.

Neste filme seguimos duas personagens, o inspector Lau Kin Ming e o gangster das tríades Chen Wing Yan. Ora o que nenhum dos dois sabia é que ambos são infiltrados. Confusos? Deixem-me explicar: O Inspector é na verdade um infiltrado, das tríades, na polícia. O gangster é na verdade um infiltrado, da polícia, nas tríades. E ambos têm a missão de descobrir-se um ao outro.

Ambos recrutados desde muito novos para as posições em questão, eles não sabem mais nada que não a “ideologia” e “motivação” por detrás de cada uma das missões. O objectivo principal da polícia, e do Chen Wing Yan, é desmontar o gang e derrubar o seu super poderoso e influente líder. Já o objectivo do gang, e do inspector, é conseguir recolher informações sobre as operações para que consigam evitar as rusgas e detenções e desta forma controlarem o mercado da droga em Hong-Kong.

Este enredo original dá origem a um filme com um passo bastante rápido onde a imprevisibilidade é a chave. Imprevisibilidade porque parece que se está sempre na iminência se ambos se descobrirem mutuamente, o que origina um final (o chamado plot twist) ainda mais imprevisível.

Realizado por Wai-Keung Lau e Alan Mak e escrito por este último e Felix Chong. A filmagem é a típica que podemos esperar do cinema de Hong-Kong, com um ambiente e cor diferente daquela que podemos sentir em cinema mais ocidental, no entanto executada sem falhas e com uma dupla de actores principais (Andy Lau e Tony Leung), absolutamente poderosos que roubam todas as atenções no ecrã. Apesar de não ser bem explicado, neste filme, o background de cada uma das personagens, sentimos que estas estão tão bem construídas e protagonizadas como se fossem pessoas a sério. Apesar de ser um enredo bastante complexo é fácil de imaginar isto poder alguma vez ter acontecido na vida real e esse toque de realismo, suportado pela conclusão do filme, é uma das armas mais fortes que este filme apresenta.

É um filme que fala sobre a violência de gangs na baía do pacífico asiático e é uma reflexão sobre ideologia, lealdade, dever, o bem e o mal.

Minha nota sobre o filme: 8/10

PS:
Actualização da introdução: O sócio que estava a trepar a outra foi encontrado no acto com a cobra na mão. Foi entretanto acusado de bestialidade (se é o crime ou se é por ter sido simplesmente bestial, deixo à vossa consideração) e recusou prestar declarações à comunicação social. A CMTV está em cima do caso.

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